Mas, afinal, em que é que consiste a Osteopatia? Em declarações à Viva, o introdutor desta técnica em território português explicou que, tratando-se de “uma ciência biológica e de uma arte que visa a globalidade”, centrada “na harmonia, no equilíbrio e na mobilidade normal da arquitetura osteomuscular, a Osteopatia “intervém na mobilidade das estruturas perturbadas”. Desta forma, o trabalho do osteopata consiste em eliminar os referidos transtornos de mobilidade, conhecidos por estes profissionais como “disfunções somáticas”, que alteram a fisiologia do corpo humano. Como é que o fazem? Manualmente, através de “técnicas especiais” chamadas “Manipulações Osteopáticas”.
O referido sistema de cuidados de saúde, segundo o qual muitas doenças resultam de anormalidades ou irregularidades da estrutura do corpo, trata problemas como contrações musculares, dores articulares, tendinites, dores de cabeça, de costas e causadas pelo stress e asma. Apesar de não haver uma regra definida, os tratamentos custam, normalmente, entre 40 a 60 euros.
Prática estudada em várias universidades do mundo
De acordo com Mário Borges de Sousa que, além de osteopata profissional, exerce funções de professor desta terapêutica em Lisboa, realizando ainda palestras e conferências subordinadas ao tema, a Osteopatia está a ser alvo de muitos estudos feitos por universidades e serviços de saúde de vários países, como o Reino Unido, França e Alemanha. Aliás, acrescentou o responsável, nos Estados Unidos, esta prática é ensinada em 22 estabelecimentos de ensino superior. De um modo geral, segundo o docente, as investigações revelam que os tratamentos de Osteopatia para certos problemas crónicos de saúde têm melhores resultados do que os efetuados pela Medicina Convencional, além de serem mais baratos.
Assim sendo, para Borges de Sousa, esta terapia apresenta uma característica que a difere de todas as outras, na medida em que visa “implementar a prevenção e o retardamento das degenerações osteomusculares de origem mecânica”. O docente considera, por isso, que a Osteopatia “é uma importante medicina de futuro”, tendo em conta que Portugal apresenta uma significativa fatia de população envelhecida.
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Técnicas utilizadas nas manipulações osteopáticas
Para desenvolver o seu trabalho, o osteopata tem à sua disposição três tipos de técnicas – estruturais (baseadas em manipulações com impulso), que “restauram os deslizamentos articulares”; dos Tecidos Moles, utilizadas para o aumento da circulação, relaxamento, diminuição da tensão muscular e aumento da mobilidade e ainda Técnicas Funcionais, que recuperam a “função dos ligamentos e da cápsula articular, facilitando o deslizamento das superfícies articulares”.
Divulgar a ténica terapêutica da Osteopatia num país em que era “completamente desconhecida” é uma das maiores conquistas apontadas por Mário Borges de Sousa na sua carreira profissional. Além disso, o docente destaca ainda a criação da respetiva clínica, em Lisboa, assim como a realização de diversos workshops, que contaram com a participação de inúmeras personalidades conhecidas no universo da medicina complementar, das quais são exemplo Eyal Lederman, José Kunzler, Laurence Charles Butler e Valéria Ferreira.
Trinta e quatro anos depois de introduzir o conceito em Portugal, Borges de Sousa acredita que a Osteopatia “é um fenómeno socioeconómico” com uma importância crescente na vertente da saúde. Aliás, o professor recorda que, logo em 1998, durante a conceção da sua tese de doutoramento – “Medicinas Complementares e o seu desenvolvimento no contexto económico e social: importância do enquadramento destas medicinas no Serviço Nacional de Saúde Português” – previu a “necessidade de reformular” o referido serviço. O trabalho de investigação originou o reconhecimento das Terapias Não Convencionais (Lei 45/2003 de 22 de agosto), nas quais está inserida a Osteopatia que, segundo o profissional, é a chave do futuro, já que, citando o docente inglês Alan D. Watkins, sobre a medicina não convencional, “o cérebro, o coração, o sistema imunitário, a energia e a matéria trabalham em conjunto e assim também devemos trabalhar”.
Mariana Albuquerque
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