Lancei recentemente um livro, intitulado “Uma Chance ao Destino”, que relata a história de Maria que, como muitas mulheres, por muitos anos, aceitou uma mão cheia de nada a troco do seu coração. Contudo, alguma coisa no seu interior lhe disse que esse não era o caminho e que o amor-próprio tinha de prevalecer.
Com o início da pandemia e o recolhimento a que todos nós fomos sujeitos, a escrita acabou por ser o meu escape. Acabei por verter os meus sentimentos nas palavras e a história surgiu, como se estivesse à espera de brotar, muito naturalmente, e com algum despojamento. Mas, sendo eu muito realista, acredito que escrevi com a lucidez que me é natural, já com um objetivo traçado.
O amor-próprio é a chave desta história e é algo que, na minha geração, acaba por estar abafado. Parece o contrário, pelo que se vê através das redes sociais, com as fotografias todas produzidas. Mas, os filtros, por vezes, escondem o que nos vai na alma. Não julguem o livro pela sua capa…
Não é fácil tentar singrar nesta área, a área da literatura. O mundo atravessa uma crise literária sem precedentes e os números de vendas não param de descer, dia após dia, e já parece tão natural que me assusta, bloqueamos neste cenário. Para mim, escrever sempre foi uma coisa de gente instruída. Quando penso na jovem Maria Inês, de cinco anos, que sonhava em ser escritora, era um daqueles sonhos impossíveis. Queria mudar o mundo, queria fazer qualquer coisa que tivesse impacto e escrever sempre esteve no número um.
Há muito tempo que eu deveria ter seguido o meu instinto, aquele que me dizia que podia ser escritora. Deveria ter-me sentido representada. Mas, escrever era para os outros, aqueles que já não eram anónimos ou aqueles que tinham algum antecedente escritor. Nunca imaginei que houvesse espaço para mim, para esta rapariga meio estranha que gostava de escrever histórias. E ainda não acredito que haja para muitas outras pessoas, algures num quarto a devorar livros e a sonhar em escrever os seus. É por isso que agora uso a minha voz para tentar mudar a literatura no mundo, lancei-me e quero muito singrar nesta área de uma forma positiva, mostrando aos leitores que é importante continuar a ler.
Sinto que os media não apoiam nem incentivam à leitura. Esta falta de divulgação leva a que as editoras não apostem em novos autores, nem incentivem esta geração 20. E, por isso, esta geração continua a sentir-se cada vez menos representada e, em consequência, a ler menos. É um ciclo interminável que parece não ter fim e onde ninguém quer dar o primeiro passo, eu dei o meu e farei de tudo para mostrar que a leitura é um bem essencial. O futuro dos livros depende da mudança urgente e, apesar de ser muito jovem, lutarei para que isso aconteça. E parece que foi preciso uma pandemia mundial para, de repente, os livros voltarem a ser tema de interesse.
Por cada pessoa que se entusiasma com um livro destes e volta a apaixonar-se pelo hábito de ler é um novo leitor que ganhamos. E isto é relevante. Isto tem impacto. Isto muda a literatura e o mundo. Acredito que nós, a geração dos vintes, tem uma relação com a literatura algo fugida… Eu, Maria Inês, acredito que a literatura tem uma função formadora, à qual muitos (principalmente jovens) não dão apreço. Ela contribui para o desenvolvimento do ser humano a nível emocional e psíquico e dá aptidão para nos posicionarmos criticamente em face do nosso meio. É isso que me fascina, a leitura para mim é imprescindível desde os anos iniciais.
Grandes sucessos da literatura mundial são livros fortes, mas fáceis de ler, muitas vezes com histórias que abordam temas transversais a qualquer idade, fazendo sentir as emoções da adolescência. E estas são emoções que nunca esquecemos e que nos marcam enquanto adultos para sempre.
O mundo precisa de magia. E ela encontra-se dentro dos livros. Leiam muito.
Inês Rodrigues