
A obra “A Sagrada Família com São João Batista, Santa Isabel e Anjos”, adquirida por cerca de 250 mil euros para o Museu da Misericórdia do Porto (MMIPO), foi leiloada ao lado de quadro de pintores de renome internacional tais como Jerónimo Bosch, Van Dickens ou Rubens.
António Tavares lembrou que a presença da obra é importante para a instituição, para a cidade do Porto e para Portugal, uma vez que “é um quadro que estava fora do país e que regressa agora”.
“Geralmente o que assistimos é a obras de arte a saírem do país e esta é um regresso a casa e portanto é um momento de particular significado e para o nosso museu também porque passa a ter um ponto de atração mais forte que se junta à coleção que temos aqui e que se enquadra na dinâmica e temática do museu”, disse o provedor.
O par deste quadro pertence ao Museu do Louvre e há agora a possibilidade de haver uma parceria entre as duas instituições, de modo a haver uma exposição das duas obras. “Quando abrir a sala de Portugal no Louvre é previsível que este quadro vá para lá para estar numa exposição temporária de pintura portuguesa e é previsível que alguns outros quadros do Louvre possam cá vir para participar em exposições temporárias também”, afirmou António Tavares.
O provedor assinalou que “é importante esta associação entre um grande museu com nome mundial e um museu que começou agora” como é o Museu da Misericórdia do Porto.
O responsável disse que a ambição do museu passa pelo reforço do acervo museológico, mas, acima de tudo, pelo “abrir as portas a uma forma de cultura que assenta na solidariedade, que tem um referencial que são as pessoas”.
Presente no leilão em Nova Iorque, a representar o museu portuense e o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, esteve o galerista Filipe Mendes, também presente na sessão no Porto, que tinha apelado a vários museus portugueses para a compra desta obra datada de 1678 e que, no ano passado, tinha adquirido um quadro da mesma pintora, para doar ao Museu do Louvre.
Na altura, Filipe Mendes reiterou que “A Sagrada Família com São João Batista, Santa Isabel e Anjos” é a obra que formaria par com “Maria Madalena confortada pelos Anjos”, que arrematou há quase um ano, também na Sotheby’s, por 269 mil dólares, e que já entrou no museu do Louvre.
Durante a apresentação no Museu da Misericórdia, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, agradeceu à Misericórdia do Porto a aquisição da obra de Josefa de Óbidos, reiterando a importância do gesto para a vida cultural do Porto e do país.
O autarca portuense disse que ações como esta dignificam a identidade cultural portuguesa e, que assim sendo, iria propor ao executivo camarário que seja feita uma doação de 15 mil euros para a aquisição do quadro de Domingos Sequeira pelo Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
O presidente da Câmara disse que tal contribuição é feita “esperando, naturalmente, poder reivindicar no futuro que este princípio de solidariedade territorial se aplique também quando [o Porto é] recetor”.
“Daremos a nossa contribuição e a nossa contribuição será a contribuição correlativa ao peso dos cidadãos do Porto, considerando que custa 600 mil euros e que nós somos 2,5% da população nacional, a nossa contribuição, que irei propor, será de 15 mil euros”, afirmou Rui Moreira.
O ministro da Cultura mostrou também o seu profundo agradecimento à Misericórdia do Porto e à cidade pela aquisição do quadro “A Sagrada Família com São João Batista, Santa Isabel e Anjos”, realçando que este foi um gesto patriota que devolveu ao país uma parte muito importante do acervo cultural português.
João Soares congratulou também o gesto do presidente da Câmara do Porto em relação à obra de Domingos Sequeira, nomeando “o gesto do senhor presidente da câmara, de profunda generosidade”, sublinhando, no entanto, que “está quiçá aquém daquilo que o Porto merece, porque 2,5% é menos do que o Porto vale”.
O ministro da Cultura afirmou que ambos os gestos são mostras, “numa altura de crise como a que o país atravessa”, de que a Cultura é fundamental para os portugueses e para a identidade do país.