
Falar da história cultural da cidade do Porto sem referir o nome de Guerra Junqueiro é uma tarefa particularmente difícil. Trata-se de um escritor e jornalista que chegou a ser deputado na Assembleia da República. Ao que consta, e tal como refere o Porto Canal, a obra “A Unidade do Ser”, trabalho inédito de Guerra Junqueiro, pode estar secretamente guardada na Baixa do Porto.
À luz do que é avançado pela Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho, responsaveis por gerir o espólio do autor, este trabalho que nunca chegou a ver a luz do dia encontra-se “numa instituição bancária” da Invicta (via Porto Canal).
Ao todo, são duas malas que concentram milhares de páginas escritas por Guerra Junqueiro. Na tentativa de ter acesso à informação difundida nas mesmas, Joaquim Fernandes e Manuel Pereira, investigadores, tentaram obter acesso, mas este foi-lhes negado pela organização suprarreferida.
Esta negação não foi vista com bons olhos por Joaquim Fernandes, um grande estudioso de Guerra Junqueiro, que organizou, esta segunda-feira, dia 16 de outubro, um congresso sobre o autor, na Universidade Fernando Pessoa.
De acordo com a mesma fonte de informação, e à luz do que o professor universitário considera, não se trata de uma simples proibição de aceder à obra de Guerra Junqueiro, mas sim de um “sequestro”.
Posto isto, a questão que se pode eventualmente colocar é: porque é que a obra não foi publicada? Com base no que é citado pelo Porto Canal, “de acordo com o investigador as reservas para a publicação terão surgido de uma filha do poeta, falecida em 1974, que tem sido seguida pelos corpos gerentes da fundação”.
Quanto à impossibilidade de acesso à obra, são colocadas duas opções em cima da mesa. Uma delas é teorizada por Joaquim Fernandes, que põe a possibilidade de o tema abordar o “foro metafísico e espiritual com laivos científicos”, motivo esse pelo qual não pode aceder à obra. A outra teoria é de Manuel Pereira, que coloca a hipótese de o autor “nunca ter conseguido dar-lhe a unidade definitiva”.
Assim sendo, algumas dúvidas permanecem, mas de uma coisa há fortes indícios: a obra inédita de Guerra Junqueiro pode estar armazenada na Baixa do Porto.
Imagem via Revista Caliban