
“Entre 1968 e 1973, Alberto Carneiro realizou três instalações que foram determinantes para o seu percurso e para toda a arte portuguesa posterior”, escreve a Culturgest, na apresentação da obra que é exposta no Porto, referindo-se igualmente a “O Canavial: Memória metamorfose de um corpo ausente”, de 1968, e “Uma floresta para os teus sonhos”, de 1970.
“Um campo depois da colheita para deleite estético do nosso corpo”, o seu título integral, data de 1973-1976 e “é muito mais difícil de produzir [do que as anteriores], porque é inteiramente dependente do ciclo da Natureza”, escreve a Culturgest, citada pela Lusa.
A obra não é vista há 26 anos, desde a retrospetiva dedicada a Alberto Carneiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1991, tendo antes sido apresentada no Porto, em 1976, no Museu Nacional Soares dos Reis, na mostra que o escultor aí realizou.
As três instalações – “O Canavial: Memória metamorfose de um corpo ausente”, “Uma floresta para os teus sonhos” e “Um campo depois da colheita, para deleite estético do nosso corpo” – estabelecem-se como “máquinas de viajar no tempo e no espaço”, ao recriarem “a presença do campo”, no lugar construído da exposição, com “rigorosa e cuidadosa organização de elementos do ciclo da Natureza”.
Raramente vistas em público, as três instalações são agora mostradas em simultâneo, na Culturgest Porto e na Culturgest Lisboa, sempre com curadoria de Delfim Sardo.
A Fundação de Serralves, no texto de apresentação da mostra “Arte/Vida Vida/Arte”, de 2013, incluía Alberto Carneiro entre os que mais “abriram novos caminhos para a prática artística em Portugal”, destacando a “singular relação [do seu trabalho] entre a arte e a natureza”, ao ponto de toda a sua produção artística se confundir “com a sua própria vida e com as reminiscências do meio onde nasceu e cresceu”.
“A obra de arte que não coloca qualquer problema, não é obra de arte, porque ela existe para questionar, para aumentar o campo de ação, para criar novas fronteiras”, disse o escultor à agência Lusa, em 2011, quando da exposição individual na Casa da Cerca, em Almada.
Alberto Carneiro morreu no Porto, no passado mês de abril, aos 79 anos.