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Nova tentativa para classificar o Foco

Nova tentativa para classificar o Foco

Cerca de 70 pessoas querem ver o Parque Residencial da Boavista/Foco classificado como Conjunto de Interesse Público (CIP) para evitar que a instalação de um hospital privado altere um dos edifícios do projeto do arquiteto Agostinho Ricca.

“A aprovação do Pedido de Informação Prévia (PIP) para obras profundas naquele que é o equipamento de maior dimensão, destinando-o a unidade hospitalar privada, coloca em risco manifesto o equilíbrio programático e a unidade do conjunto”, lê-se no requerimento que foi apresentado, no início do mês, na Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

O proponente, o arquiteto João Luís Marques, e mais 67 subscritores justificam o pedido com “a tomada de consciência do valor em causa e da vulnerabilidade a que está sujeita” a obra “idealizada por Agostinho Ricca no início da década de 1960”, com João Serôdio e Magalhães Carneiro.

Tendo em conta que está “em curso um processo de licenciamento” para um hospital, a intenção dos proponentes é a de “garantir a justa articulação dos espaços públicos e das cargas geradas pelos equipamentos existentes e pelas suas mudanças”, a par da “valorização do legado arquitectónico e artístico”.

O conjunto do Foco – que para além de igreja inclui cinema e hotel (ambos encerrados), galerias comerciais, escritórios e 450 fogos – é descrito como “testemunho ímpar de arquitetura e urbanismo modernos em Portugal”, “enriquecido por obras de artistas plásticos como Júlio Resende [um mural com mais de 90 metros de extensão], Zulmiro de Carvalho, José Rodrigues e João Charters de Almeida”.

Ao longo de 141 páginas, os subscritores (entre eles os presidentes do Icomos/Portugal, da Ordem dos Arquitetos/Região Norte e da Fundação José Rodrigues) apelam “à salvaguarda e à divulgação” do património. “Apesar dos anteriores esforços pelo reconhecimento, este conjunto não foi oportunamente classificado e protegido pela Direção Geral do Património Cultural [DGPC]”, observam.

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De recordar que “ao pedido de classificação indeferido em 2006” juntou-se outro, de 2010, no qual é referido que “os instrumentos municipais são os mais adequados à gestão do Parque Residencial”. Contudo, os subscritores identificam “fragilidades” nos “instrumentos municipais” de salvaguarda do conjunto.

“Em janeiro, a notícia de uma obra aprovada de intervenção profunda e descaracterizadora de um dos edifícios que integra o Parque Residencial [a inserção, numa fachada, de uma obra do artista plástico Vhils, que entretanto não avançou] denunciou a fragilidade dos instrumentos municipais indicados para a salvaguarda deste conjunto urbano, apesar de identificado na Carta de Património do Plano Diretor Municipal [PDM]”, explicam os subscritores.

A página da Internet da DGPC indica como “procedimento encerrado/arquivado – sem proteção legal” a “situação atual” do Parque Residencial. De acordo com a página, a “Câmara do Porto informou em 2012 não desenvolver procedimento de classificação como de IM, por considerar que a proteção do conjunto está salvaguardada através do regulamento do PDM”.

O requerimento de classificação refere que “é o todo” do Foco “que faz dele uma obra singular”, na qual o plano de um novo “centro cívico e comercial multifunções” foi “executado e permanece vivo, mostrando que as boas propostas modernas não foram meras utopias de sonhadores da cidade”.

Apesar de ter uma petição com 1905 assinaturas com vista à classificação do conjunto como Património de Interesse Municipal, o arquiteto João Luís Marques diz ter concluído que a distinção como CIP “parece a categoria mais ajustada à natureza da obra”.

Sendo classificado, o Foco “somar-se-á aos cinco CIP já classificados na cidade”, nomeadamente a “avenida da Boavista, entre Pinheiro Manso e Marechal”, “Passeio Marítimo e Avenida Montevideu” e os conjuntos da “Praça da Liberdade/Aliados/Praça General Humberto Delgado”, da “rua de Álvares Cabral” e da “Foz Velha”, assinalam.

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