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Norte tem controlado melhor a pandemia do que Lisboa e Vale do Tejo

Norte tem controlado melhor a pandemia do que Lisboa e Vale do Tejo

Os relatórios diários divulgados pela Direção-Geral de Saúde (DGS), a propósito dos números da pandemia de covid-19, mostram, há vários meses consecutivos, uma discrepância bastante significativa no que respeita ao número de casos e mortes das duas principais regiões do país, o Norte e Lisboa e Vale do Tejo. Esta última já perdeu, inclusive, desde o início da pandemia em Portugal, em março do ano passado, 7 697 cidadãos, mais 2 119 do que a região Norte, segundo revelam os últimos dados conhecidos.

O assunto tem inquietado a VIVA!, que tem procurado, incessantemente, dar uma resposta aos seus leitores – “Afinal, qual é o fator, ou fatores, que explicam a discrepância existente no que respeita ao número de casos e de óbitos no Norte e Lisboa e Vale do Tejo?”.

As respostas tardaram em chegar, por se tratar, para alguns, de um “tema demasiado sensível”, como salientou, em agosto, o Centro Hospitalar Universitário do São João (CHUSJ), mas, esta semana, o investigador Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), avançou com uma possível explicação, que se prende com o facto de Lisboa e Vale do Tejo ter esgotado as camas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Assegurou que a explicação principal está intrínseca à emergência da terceira vaga, muito mais bem controlada na região Norte do que nas regiões Centro e Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo. “Nessa vaga, a região do Norte nunca chegou a esgotar as camas em UCI exclusivamente com doentes covid-19, ao contrário do que aconteceu com as outras duas regiões. E isso, é sabido, contribuiu para o menor sucesso (ou maior insucesso) na letalidade”, afirmou o investigador.

Como realçou, era expectável, para os especialistas, que quanto maior fosse a incidência maior seria, também, a letalidade, “muito por causa da limitada capacidade hospitalar”. “Os intensivistas dizem que o sucesso das Unidades de Cuidados Intensivos (a evitar mortes) é inversamente proporcional à disponibilidade de camas (e recursos) nos UCI. E foi precisamente isso que aconteceu… Em LVT chegaram-se a esgotar esses recursos (acima de 100% da capacidade UCI exclusiva à covid), no Centro estiveram lá perto, enquanto no Norte esteve muito abaixo disso”.

“O não controlo, a montante, do número de casos diários que ocorreu em LVT levou a essa situação de excesso de ocupação hospitalar, o qual depois se traduziu numa muito maior letalidade. Se admitirmos que a região Norte, pela experiência vivida na primeira vaga, e por questões organizacionais, estava mais bem preparada que as outras regiões do país, poderemos encontrar parte da explicação para o sucedido em termos de descontrolo da incidência diária de número de casos”, indicou ainda Carlos Antunes.

Atualmente, a região Norte regista um total de 412 464 casos de infeção por covid-19 e Lisboa e Vale do Tejo 415 825, o que se traduz em mais 3361 pessoas infetadas com o novo coronavírus, sendo um assunto sobre o qual o matemático se tem debruçado e que está ainda a analisar cuidadosamente, faltando apenas acrescentar ao estudo a análise sobre a quarta vaga da pandemia.

Numa análise rápida sobre a letalidade da quarta vaga, feita a pedido da revista VIVA!, Carlos Antunes explicou que se verifica um “idêntico comportamento” relativamente à taxa de letalidade nas três maiores regiões do país, ou seja, o Centro e LVT sempre com “maior percentagem de letalidade”. “Isto deve-se à distribuição demográfica por faixas etárias. Sabemos, por exemplo, que o Centro tem maior número de lares. Pode ter uma população mais envelhecida e isso repercutir-se na letalidade covid, que, como sabemos, afeta essencialmente a população mais idosa”, completou o investigador.

Fotografia: Miguel Nogueira

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