O Museu Nacional da Imprensa, no Porto, vai inaugurar este sábado a exposição “Charlie-Wolinski”, em homenagem a Georges Wolinski, júri do PortoCartoon desde 2004 e uma das 12 vítimas mortais do atentado de Paris contra a redação do semanário satírico Charlie Hebdo. A mostra, que abre ao público às 16h00, apresenta aos portuenses um pouco da evolução do jornal francês – desde o número 1 a algumas edições do mês passado – e trabalhos de Wolinski, considerado “um amigo do Porto”.
Em declarações à Viva, o diretor do Museu Nacional da Imprensa, Luís Humberto Marcos, sublinhou que a instituição pretende, assim, “homenagear a liberdade de expressão e mostrar a importância do humor na nossa reflexão”. “Queremos, acima de tudo, promover a tolerância, sob o mote ‘amor sim, ódio não’, que serviu de base a uma campanha que lançámos a nível escolar, para que o assunto seja discutido nas camadas mais jovens”, contou, ressalvando a necessidade de “continuarmos a construir a consciência democrática”.
“A intolerância é a arma dos fracos”
Nascido em Tunes, na ainda Tunísia francesa, em 1934, Wolinski estudou arquitetura na capital francesa, curso que abandonou para se dedicar à caricatura, na década de 1960. Luís Humberto Marcos recorda o cartunista como “um grande artista do humor”, um homem “que sabia fazer da sátira uma forma de análise”, denunciando, assim, as principais “questões tapadas pelos vernizes sociais”. “Arrisco até dizer que era um sábio da ironia”, prosseguiu, destacando também um certo lado “ingénuo”, que o fazia acreditar “na felicidade e na forma como devíamos olhar para as coisas positivas da sociedade”. “Era rebelde, irreverente, mas não agressivo, era um ‘bon vivant’ na excelência do humor”, afirmou.
O responsável ressalvou ainda que “a intolerância é a arma dos fracos” e que os desenhos dos caricaturistas “não são cruéis”, apenas “mostram a crueldade do mundo”. “Esta onda mundial de solidariedade é a expressão clara de que a linha de tolerância é aquela que deve ser seguida, mesmo que não concordemos com tudo o que é dito ou escrito”, concluiu.