António Pires Veloso, um dos protagonistas do 25 de Novembro de 1975, que, aliás, ficou conhecido como “vice-rei do Norte”, morreu este domingo, no Porto. Em declarações à Lusa, fonte oficial do Estado-Maior do Exército português informou que Veloso, de 88 anos, faleceu no pólo do Porto do Hospital das Forças Armadas. Natural de Gouveia, António foi um dos principais intervenientes, enquanto governador militar do Norte, no contragolpe militar de 25 de Novembro, que pôs fim ao “Verão Quente” de 1975. O mandato de Pires Veloso na Região Militar Norte foi, desde logo, marcado pela instabilidade: quem passa pela Praça da República, no Porto, dificilmente imagina que um chefe da Região Militar Norte (RMN) tivesse de tomar posse do seu quartel-general rodeado metralhadoras, mas foi isso que aconteceu em 12 de Setembro de 1975 com Pires Veloso. Acabado de regressar de S. Tomé e Príncipe, onde hasteou a última bandeira portuguesa, o oficial soube, na véspera, dia 11, que iria substituir o coronel Eurico Corvacho à frente da RMN. A Região Militar Norte iniciou, então, um intenso programa de ação social, política e cívica no norte do país, cedendo terrenos e dando apoio logístico a inúmeras instituições da região. Este trabalho aliado à vitória no 25 de Novembro valeram a Pires Veloso o epíteto de “vice-rei do Norte”.
Em 2012, à conversa com a Lusa, afirmou existir “um paralelismo entre a situação atual e o Verão Quente de 1975, que terminou no 25 de Novembro”. “Há um certo paralelismo entre a situação socioeconómica de agora e os dias tormentosos de 1975. Agora, desenrola-se uma luta que envolve, de um lado, um povo trabalhador, sacrificado, paciente, orgulhoso de ser português, e, do outro, um conjunto de governantes rodeados de pessoas dos partidos políticos e outras cujo comportamento nos leva a admitir que existe um conluio nebuloso entre eles, esquecendo por completo os ideais de Abril”, defendeu.
