A Professora Emérita da Universidade do Porto e Investigadora Honorária do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto faleceu esta terça-feira aos 81 anos de idade, após uma semana de internamento hospitalar motivado pela Covid-19.
Maria de Sousa foi uma das primeiras mulheres portuguesas a serem reconhecidas internacionalmente pelas suas descobertas científicas.
Nascida em Lisboa em 1939 e licenciada em Medicina em 1963, Maria de Sousa cedo deixou o país para prosseguir a sua carreira académica científica em Inglaterra, Escócia e Estados, onde dirigiu o Laboratório de Ecologia Celular do prestigiado Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque.
Segundo indica a Universidade do Porto, a cientista notabilizou-se internacionalmente “pelas cruciais contribuições que deu para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico”, “entre os quais o que consagrou a descoberta da área timo-dependente (1966), hoje conhecida universalmente por área T”.
Maria de Sousa desempenhou também um papel fundamental no desenvolvimento do sistema científico nacional e para a criação de toda uma nova geração de cientistas portugueses, depois de na década de 1980 ter regressado a Portugal para integrar o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto e o Instituto de Biologia Molecular e Celular (atual i3S) como professora e investigadora, respetivamente.
Condecorada pelo Presidente da República em novembro de 2016 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de San’tiago de Espada, Maria de Sousa recebeu inúmeras distinções nacionais e internacionais, nomeadamente o prémio “Estímulo à Excelência”, atribuído pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2004), o Prémio Universidade de Coimbra (2011), o Prémio Universidade de Lisboa, em 2017, ou o Prémio Mina Bissel, em 2018.
Em outubro de 2009, assinalou a sua jubilação com uma Última Aula no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, o mesmo local onde, um ano mais tarde, lhe seria confiado o título de Professora Emérita da Universidade do Porto.
Para o Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, “a morte da Professora Maria de Sousa é uma perda enorme para a Universidade do Porto e para a Academia Portuguesa. Maria de Sousa será para sempre uma das mais destacadas figuras da Ciência em Portugal, tendo o seu trabalho recebido merecido reconhecimento internacional numa altura em que ser cientista, particularmente uma mulher cientista, não era tarefa fácil.”
António de Sousa Pereira recorda que “foi uma honra para a Universidade do Porto ter acolhido o seu regresso a Portugal em 1984, onde desenvolveu brilhantemente o seu trabalho como docente e investigadora, tendo sido homenageada com as mais altas distinções e prémios nacionais e internacionais”.
“Maria de Sousa será para sempre lembrada como um dos nomes maiores da Universidade do Porto e da Ciência Portuguesa”, remata o Reitor da U.Porto.
Foto: U.Porto