Por vezes, é desafiante olhar para trás e lembrarmo-nos do Porto que existia antes de nós. Neste artigo, convidamos o leitor a “viajar” connosco até à Época Medieval, na cidade, e dar-lhe-emos alguns detalhes de como era o Porto nesta época.
De acordo com a Câmara do Porto, de maneira a compreender este período medieval no Porto, é necessário recordar a chegada dos povos germânicos à região da Galécia, no século V, que trouxe instabilidade que impactou profundamente a organização local.
Assim, foram criadas condições para que Portucale se destacasse na região. Este breve reinado foi marcado por conflitos internos, como relata o cronista Idácio, que destaca Portucale como um dos cenários da guerra civil que culminou no colapso do reino suevo.
Para proteger a área, as muralhas, cuja origem remonta à época castreja e foram reforçadas pelos romanos, receberam novos investimentos defensivos.
No século VI, São Martinho de Dume desempenhou um papel essencial no redesenho territorial das dioceses e paróquias, consolidando assim a relevância de Portucale. A criação da diocese local, acompanhada da transferência do bispo de Meinedo para Portucale, contribuiu para este protagonismo. Durante este período, também foi instalada uma oficina monetária pelos reis visigodos.
O declínio do reino visigodo foi acelerado pela invasão muçulmana através do estreito de Gibraltar, evento que marcou o início da ocupação da Península Ibérica. A reorganização do território conquistado pelos nobres, como Vímara Peres, conde de Portucale em 868, reafirmou a relevância da região. Tanto que, em 1096, o Condado de Portucale foi restabelecido e doado por Afonso VI à sua filha D. Teresa e ao genro, D. Henrique de Borgonha.
Como explica a mesma fonte de informação, entre 1113 e 1114, ocorreu a restauração da diocese do Porto, liderada pelo bispo D. Hugo, que em 1120 recebeu da condessa D. Teresa o domínio do couto portucalense.
Esse território, que abrangia áreas como Santo Ildefonso e Campanhã, recebeu foral em 1123, incentivando assim o comércio. A expansão para além das muralhas antigas permitiu à cidade desenvolver-se como um importante centro comercial e marítimo, especialmente com a maior segurança proporcionada pela conquista das fronteiras ao sul.
No século XIV, a expansão urbana e as ameaças externas motivaram a construção de novas muralhas. A iniciativa, ordenada por D. Afonso IV e concluída durante o reinado de D. Fernando I, deu origem à chamada “muralha fernandina”. Este empreendimento contou com a contribuição de diversas localidades vizinhas, como Maia e Gondomar.
As muralhas não só fortaleceram a defesa da cidade, mas também integraram áreas suburbanas, como o monte do Olival. Este espaço, então coberto por campos e soutos, foi escolhido por D. João I para a instalação de uma judiaria em 1386.