Um estudo apresentado esta quarta-feira no Porto defende que a estratégia para captar uma maior fatia dos fundos comunitários a favor da cultura passa, sobretudo, por uma maior “pró-atividade” dos artistas e das entidades do setor. A conclusão foi avançada pela equipa do consultor Nuno Vitorino, especializado em fundos europeus, que elaborou a investigação “Financiamento das Artes e da Cultura – Oportunidades e Desafios”, numa iniciativa da Secretaria de Estado e da Cultura, no âmbito do programa Cultura 2020.
“Estamos prestes a iniciar um novo ciclo de fundos comunitários e há uma variedade de oportunidades de que os agentes e as atividades culturais podem beneficiar. Só que estarmos sentados à espera que o financiamento chegue não conduz a nada. É preciso que as entidades e os artistas se posicionem de forma a maximizar as oportunidades”, defendeu o consultor, à margem da apresentação, realizada na Fundação de Serralves. O responsável frisou ainda que há diversas formas de “otimizar” e “tornar mais eficientes” os fundos disponíveis, começando pela forma como são usados os instrumentos de financiamento público. “Podem financiar-se organizações ou financiar-se atividades que conduzam a resultados. Frequentemente, a primeira dimensão é a mais pesada em termos quantitativos, mas nós advogamos que haja uma inflexão de forma a privilegiar modalidades de financiamento dirigidas para a produção de resultados concretos, quer em termos de qualidade de excelência, quer em termos de impacto na economia e na sociedade”, sublinhou. O estudo, enquadrado no Plano Cultura 2020, concluiu ainda que é nos privados que a cultura encontra grande parte do seu financiamento. “Se falarmos em investimento público, os fundos estruturais são muito importantes e tenderão a aumentar a sua importância. Mas a grande fatia de oportunidades em termos de financiamento à cultura tem origem essencialmente no setor privado”, apontou.