
Com 1,20 metros de altura e 13 quilogramas de prata, o maior coração em filigrana do mundo, segundo a Câmara de Gondomar, foi apresentado no sábado e representa o culminar de um projeto inédito que juntou 12 empresas do concelho.
Partindo da figura do coração, “um elemento natural associado à filigrana portuguesa”, a Câmara de Gondomar desafiou em setembro de 2016 o CINDOR (Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria), única escola pública de ourivesaria de Portugal, a criar uma “peça colaborativa”, explicou à agência Lusa o vereador do Desenvolvimento Económico, Carlos Brás.
Pretendia-se criar uma peça “feita exclusivamente por artesãos gondomarenses”, sendo esse detalhe, o “maior problema do processo”, pois “são pessoas que trabalham para si, que competem entre si e que nunca haviam trabalhado num projecto destes”.
Sob coordenação técnica do professor Paulo Martingo, a peça ganhou forma final em março de 2018, depois do recurso ao desenho assistido por computador e tecnologia de corte a laser definirem os espaços que os artesãos tratariam mais tarde de encher de filigrana.
O investimento foi de 25 mil euros, partilhado entre a autarquia e as empresas.
Nos cinco meses seguintes, “os 13 quilogramas de prata e 12,6 mil metros de fio de filigrana compuseram os 1,20 metros de altura de uma peça de valor incomensurável”, dividida em 11 partes, “sendo que cada uma foi construída por um artesão, enquanto a [empresa] Topázio e a Flamingo trataram da estrutura externa”, explicou o vereador.
“É uma peça que tem na sua conceção elementos identitários do território, como o ‘G’, que é a logomarca de Gondomar, e o número de freguesias do concelho, sendo que a técnica de enchimento da filigrana é a utilizada em Gondomar, também ela uma marca do trabalho feito”, explicou Carlos Brás, acrescentando que “também o rio Douro, a ponte D. Luís e os socalcos durienses, numa referência à região Norte onde se insere o concelho, figuram na peça”.
A peça “passará a fazer parte do espólio do município, ficando disponível para circular, em exposição, pelos edifícios da autarquia assim que a oportunidade surgir”.
Em Gondomar, o trabalho de ourivesaria é feito, segundo Carlos Brás, por cerca de 300 empresas.