A partir desta sexta-feira, dia 21 de fevereiro, a Livraria Lello passa a contar com um novo e valioso tesouro literário: a coleção pessoal de livros de Amy Winehouse. Com mais de 200 exemplares, esta coleção agora ocupa um lugar especial na Sala Gemma, espaço dedicado às raridades literárias da livraria.
Em nota à imprensa, é referido que a entrada é feita mediante reserva e inclui uma visita guiada, proporcionando assim ao público um vislumbre da relação íntima da artista com a literatura. As visitas podem ser feitas entre as 9h e as 19h.
A inauguração oficial aconteceu na noite anterior, num evento onde a música não esteve em falta. Para marcar a ocasião, os músicos que acompanharam Amy Winehouse ao longo da sua carreira deram um concerto exclusivo, na tentativa de recriar a musicalidade da artista.
O que diz o irmão de Amy Winehouse?
O irmão da artista, Alex Winehouse, revelou detalhes sobre a ligação de Amy com a literatura. Segundo o próprio, a cantora nutria uma paixão profunda pelos livros, mas de uma forma reservada.
“A Amy passava a ideia de se sentir ligeiramente envergonhada com o quão inteligente era. Tinha imensos romances de Jackie Collins espalhados pela casa, mas escondia a sua coleção de Dostoiévski num armário” – recorda. Esta coleção reflete essa dualidade entre o popular e o clássico, o irreverente e o profundo.
Os livros de Amy não são apenas testemunhos das suas leituras, mas também objetos que contam histórias sobre a sua vida. Alguns exemplares apresentam marcas de uso intenso, como manchas de café, cera de vela e até marcas de água, o que comprova o hábito da cantora de ler enquanto relaxava na banheira.
Para a Livraria Lello, a aquisição deste acervo vai além do seu valor material. “Na Livraria Lello, não vendemos apenas livros – criamos pontes para a leitura e valorizamos a forma como estes moldam a identidade de pessoas e sociedades. A biblioteca de Amy Winehouse é um testemunho desse poder” – refere a responsável pelo estabelecimento.
Aurora Pedro Pinto acrescenta ainda: “não a adquirimos pelo seu valor histórico, mas pelo que representa – uma artista que encontrou nos livros refúgio, inspiração e uma voz para além da música. Ao torná-la acessível ao público, reafirmamos a nossa missão de demonstrar, de forma inesperada e inusitada, o poder dos livros em nos definir, acompanhar e impulsionar”.
A grande variedade de géneros e autores da coleção de Amy Winehouse
A biblioteca da cantora inclui uma grande variedade de géneros e autores, o que reflete os seus múltiplos interesses. Desde cedo, Amy encontrou refúgio nos livros, tendo lido “À Espera no Centeio”, de J.D. Salinger, aos 12 anos.
A influência do teatro também esteve presente na sua juventude, como demonstra um exemplar de “Little Shop of Horrors”, onde a própria artista escreveu na capa a frase entusiasmada: “EU AMO DRAMA!”.
Outro aspeto marcante da coleção é a sua paixão por novelas gráficas, especialmente as histórias dos Irmãos Hernandez, criadores da icónica série “Love and Rockets”.
A presença de biografias de ícones musicais como Jimi Hendrix, Boy George e Anthony Kiedis revela a sua curiosidade sobre as trajetórias de ascensão e queda no mundo da música. Entre os livros mais pessoais, destaca-se um exemplar de “Killing Yourself to Live”, de Chuck Klosterman, no qual Amy deixou uma marca inconfundível: um beijo de batom vermelho na página 71.
