Joaquim Oliveira, 89 anos e um dos fundadores da livraria da Baixa do Porto, confirmou que foi contactado pela “sociedade do Hotel Infante de Sagres” para que a livraria seja retirada do número 42 da rua da Fábrica, onde em 1956 iniciou a sua atividade.
A Sousa & Almeida especializa-se em livros portugueses, galegos, africanos e brasileiros, antigos e modernos.
Segundo Joaquim Oliveira, a livraria Sousa & Almeida está alojada num espaço que foi comprado há “cerca de dois ou três meses” pelo Hotel Infante de Sagres, espaço hoteleiro que em 2016 foi adquirido pela empresa The Fladgate Partnership, proprietária das casas de vinho do Porto Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn e também dos hotéis The Yeatman e o The Vintage House.
“Querem fazer obras para ir juntar ao hotel. Querem que a gente saia até agosto”, revelou à Lusa Joaquim Oliveira, afirmando que a empresa precisa do espaço da livraria e deseja “o prédio todo livre”.
De recordar que a notícia foi avançada inicialmente pelo Jornal de Notícias, que escreveu que a livraria histórica do Porto tinha os “dias contados”.
Uma livraria com história
O realizador Manoel de Oliveira, o artista plástico Alberto Giacometti ou o escritor Vitorino Nemésio eram alguns dos frequentadores da livraria histórica da cidade do Porto que tem agora de encerrar portas e retirar cerca de 20 mil livros daquele espaço.
“O Giacometti vinha vender os livros aqui e os discos embrulhados em serapilheira”, recorda Joaquim Oliveira, revelando também que José Régio se encontrava naquela livraria com Alberto Serpa e Manoel de Oliveira, o realizador que ali parava para “comprar livros sobre os neorrealistas no cinema”.
A luta das próximas semanas e meses é tentar vender o máximo das obras, porque, desabafa não quer ver as obras transformarem-se em “papel velho”.