“Mais importante que o destino é a viagem”. As palavras de Eduardo Lourenço servem de mote para o encontro internacional “Literatura em Viagem”, organizado pela autarquia e que, durante alguns dias, transforma Matosinhos na capital nacional da literatura de viagem. De 7 a 13 de maio, a Biblioteca Florbela Espanca enobrece-se de letras e imaginação.
O festival Literatura em Viagem (LeV) regressa a Matosinhos para a sua 12.ª edição, sob o tema “O romance das cidades”, com a presença do escritor Jonathan Coe.
Aqui as letras escrevinham sonhos e alimentam o espírito. O Lev é o porto seguro de várias viagens e experiências. Um encontro feliz em torno da palavra e da viagem. Um ancoradouro de personalidades tão diversas, e de áreas tão distintas, que a promessa de uma mescla equilibrada e irresistível de vozes, faz de Matosinhos um destino único nestes dias de Literatura em Viagem.
Destaques entre as confirmações
Adriana Calcanhotto nasceu em Porto Alegre, em 1965. Cantora e compositora, com mais de dez discos lançados, estabeleceu uma forte ligação com a literatura. Além de ter musicado poemas de Ferreira Gullar e Mário de Sá-Carneiro, assinou parcerias com Waly Salomão, Antonio Cícero e Augusto de Campos. Escreveu “Saga lusa: O relato de uma viagem” e organizou as coletâneas “Haicai do Brasil” e “Antologia ilustrada da poesia brasileira”. Recentemente, teve as suas letras reunidas pelo poeta Eucanãa Ferraz no volume “Pra que é que serve uma canção como essa?”.
Continuemos a desfilar os nomes: Joel Cleto é arqueólogo, historiador e divulgador da História e Património. Nasceu no Porto em 1965. É autor de vários livros (alguns traduzidos para inglês, espanhol e italiano) e de dezenas de ensaios e estudos de investigação. Entre outras distinções, foi galardoado pela Câmara do Porto com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro.
Francisco José Viegas nasceu em 1962. Professor, jornalista e editor, é responsável pela revista “LER” e foi também diretor da revista “Grande Reportagem” e da Casa Fernando Pessoa. Colaborou em vários jornais e revistas, e foi autor de vários programas na rádio e televisão. Da sua obra destacam-se livros de poesia e os romances protagonizados pelo inesquecivel Jaime Ramos.
Isaque Ferreira é uma das vozes mais assíduas nas “Quintas de Leitura” do Teatro do Campo Alegre, no Porto. Coordena diversas propostas em que a poesia assume papel cimeiro e integra os coletivos poéticos “Caixa Geral de Despojos” e “Stand Up Poetry”.
Com “E a Noite Roda”, Alexandra Lucas Coelho recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela 2012 APE. O seu segundo romance, “O Meu Amante de Domingo”, foi traduzido em França. Em 2016, saiu “Deus-dará”, romance passado no Rio de Janeiro. “Orlando e o Rinoceronte” é a sua estreia na literatura infantojuvenil, livro em que também se aventura como ilustradora
Isabel Lucas tem formação em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa. Jornalista e crítica literária, escreve regularmente no jornal “Público” e colabora com várias publicações, sobretudo nas áreas de cultura e viagens. Ao longo dos últimos cinco anos, tem vivido entre Lisboa e Nova Iorque. O seu livro “Viagem ao sonho americano” (Companhia das Letras, 2017) resulta de um périplo pela América, a partir da sua literatura, vertido em reportagens publicadas ao longo de um ano no jornal “Público”.
João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Publicou já vários romances, entre os quais se destaca “As Três Vidas” (2008), que recebeu o Prémio Literário José Saramago e cuja edição brasileira foi, em 2011, finalista do Prémio Portugal Telecom. Entre 2015 e 2017, publicou a sua Trilogia dos Lugares Sem Nome, composta pelos romances “O Luto de Elias Gro” (2015), “O Paraíso segundo Lars D.” (2015) e “O Deslumbre de Cecilia Fluss” (2017). O seu mais recente romance é “Ensina-me a Voar sobre os Telhados”. Os seus livros estão publicados em várias línguas. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em oficinas de ficção
As atividades
Vencedor do prémio Médicis e jurado do Man Booker Prize, Jonathan Coe é um dos autores ingleses que melhor mescla literatura e política. Com uma abordagem satírica e engajada, Coe é uma voz fundamental para melhor compreender o Reino Unido dos últimos 40 anos, das tensões do thatcherismo ao advento do Brexit. Uma entrevista de vida a Jonathan Coe, por Hélder Gomes e Tito Couto. Domingo, 13 de maio, às 16h, na Galeria Municipal.
Haverá cidades mais literárias do que outras? Paris, Roma ou Nova Iorque são mais apelativas para os ficcionistas porquê? Serão as cidades a convocar a literatura ou os escritores a transformá-las em espaços literários? Uma conversa entre Francisco José Viegas e Sjón, com moderação de Filipa Melo. Domingo, 13 de maio, às 17h, na Galeria Municipal.
Nova Iorque é a cidade que mais gente conhece sem nunca lá ter ido. A sua presença no cinema faz dela um espaço verdadeiramente global. E como será na literatura? Uma conversa entre João Tordo e Isabel Lucas, com moderação de Hélder Gomes. Sábado, 12 de maio, às 18h, na Galeria Municipal.
O Rio de Janeiro continua lindo ou a realidade acabou por encurralar a beleza da cidade na ficção, na poesia ou na televisão? Que Rio de Janeiro é este: o da violência ou o da Baía da Guanabara? Uma conversa entre Adriana Calcanhotto e Alexandra Lucas Coelho, com moderação de Tito Couto, na Galeria Municipal. Sábado, 12 de maio, às 17h.
O LeV também chega às escolas de Matosinhos. Este ano, uma das convidadas das escolas é Patrícia Müller, que fará uma sessão para os mais novos, no dia 11 de maio, sexta-feira.
A exposição “Acordo Fotográfico” é um apanhado do trabalho do site com o mesmo nome, lançado em dezembro de 2011, por Sandra Barão Nobre. Trata-se de um site sobre pessoas, livros e fotografias, que homenageia o ato de ler. Juntos, fotografias e textos formam um bloco, uma unidade. As fotografias registam o momento; as palavras contextualizam as imagens e fornecem uma narrativa: quem é o leitor, o que lê, onde e porquê. A exposição estará em permanência, durante o evento, na Galeria Municipal.
Destaque ainda para a oficina de escrita criativa pela escritora Filipa Melo. Com uma abordagem teórico-prática, esta atividade pretende dar a conhecer as principais técnicas, os elementos básicos e as convenções mais relevantes na criação de textos de literatura de viagem. Domingo, 13 de maio, às 11h, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca. Inscrições através do email [email protected]. Organizado em cooperação com o projeto CELA — Connecting Emerging Literary Artists, apoiado pelo programa Europa Criativa da União Europeia.