O presidente da autarquia portuense alertou esta segunda-feira que a lei do arrendamento representa um grande “risco” para o comércio tradicional da cidade. Rui Moreira comentava, assim, a questão da “gentrificação”, levantada pela deputada social-democrata Daniela Coutinho na Assembleia Municipal realizada ontem à noite, a propósito da reabilitação urbana em curso no centro histórico.
Apesar de reconhecer que a cidade vive, atualmente, um ‘boom’ turístico “absolutamente benéfico”, Daniela Coutinho sublinhou existir “o risco de transformação do Porto numa cidade-hotel, virada para fora”. Além disso, abordou ainda o tema da noite portuense, frisando que não é possível ficar indiferente “ao sofrimento que a mesma tem causado” aos moradores do centro histórico. “As pessoas são a essência do fenómeno urbano. Nos centros históricos não podem ser desenvolvidas políticas e ações de segregação, mas sim de desenvolvimento social”, acrescentou. Em resposta, o presidente da Câmara salientou que “uma cidade não se gentrifica apenas pela perda dos seus habitantes tradicionais”, mas igualmente “pela perda de atividades tradicionais”. O que mais preocupa o autarca é que “a preservação que é feita na lei apenas para pequenas e microempresas com muito pouco emprego não garante a subsistência de negócios tradicionais”. “Eu não imagino a minha cidade sem o (Café) Guarani, sem a (mercearia) Pérola do Bolhão, sem a (mercearia) Casa Chinesa, sem a Livraria Lello e tudo isto está em profundo risco com a lei do arrendamento comercial”, lamentou.