
Uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver uma ferramenta de tradução bilateral da Língua Gestual Portuguesa que poderá fazer parte das suas salas de aula já no final do ano.
O ‘Virtual Sign’ é “um tradutor bidirecional de língua gestual [que] permite a tradução de Língua Gestual Portuguesa de gesto para texto e de texto para gesto”, explicou Paula Escudeiro, professora no ISEP e mentora da investigação.
O ‘Virtual Sign’ é composto por dois dispositivos externos – uma luva com sensores e uma câmara Kinect (câmara com sensor utilizada em consolas de jogos) – que permitem identificar os gestos, movimentos corporais e faciais e “traduzi-los para texto” que é então “transmitido para um computador”.
“Na outra direção, escrevendo um texto, por exemplo num computador, permite que um ‘avatar’ [representação gráfica de uma pessoa] identifique o texto que está a ser escrito e o transforme em gesto. É esta a tradução bidirecional”, explicou a investigadora. A equipa está também a criar “um jogo educativo que permita ensinar e aprender a língua gestual portuguesa”.
A ideia nasceu quando a equipa de investigadores, que também são professores, se deparou com situações em que alunos com deficiências auditivas manifestavam maiores dificuldades em acompanhar as aulas.
O projeto, aprovado há três anos mas ainda em fase de testes, já foi experimentado em contexto de sala de aula, com resultados “muito bons”, mas a sua fase de desenvolvimento “ainda não terminou”.
Paula Escudeiro estima que a sua utilização em salas de aula arranque “mal termine o período alocado para produção” do projeto, prevendo que o mesmo aconteça “mais ou menos no final deste ano”.
Os investigadores querem fazer chegar o ‘Virtual Sign” a outros contextos de formação, e a “outros domínios do próprio dia a dia”, e estão a preparar candidaturas a projetos de financiamento de nível internacional que permitam o alargamento a mais línguas.
Coordenado pelo ISEP, o Virtual Sign foi apoiado em 100 mil euros pela Fundação Ciência e Tecnologia (FCT) e integrou investigadores do ISEP, Universidade do Porto, Universidade Aberta e uma especialista em linguagem gestual.