
Uma equipa de cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto identificou uma proteína essencial para compreender falhas na divisão celular e a sua ligação ao desenvolvimento de tumores malignos.
O estudo, recentemente publicado na revista EMBO Reports, analisou como as células epiteliais interagem entre si e com o ambiente circundante, um fator determinante para a eficácia do processo de divisão celular.
O investigador Eurico Morais de Sá, que coordenou o projeto, explica que as células epiteliais estão constantemente em contacto umas com as outras e com a matriz extracelular, o que levanta questões sobre como essa interação influencia a capacidade de divisão celular.
A equipa descobriu que várias proteínas envolvidas na coesão celular e na ligação ao meio externo desempenham um papel fundamental na citocinese, a fase final da divisão celular. (via JN)
Uma dessas proteínas é a Distrofina, normalmente associada à distrofia muscular, mas que agora revelou ter uma função até então desconhecida na divisão celular dos tecidos epiteliais. De acordo com Margarida Gonçalves, primeira autora do estudo, a Distrofina contribui para a eficiência da citocinese nesses tecidos.
Para aprofundar esta descoberta, os investigadores utilizaram a mosca-da-fruta como modelo de estudo, já que, nos tecidos epiteliais, as células precisam de dividir-se sem comprometer a integridade da estrutura celular. A investigação, apesar de se centrar na biologia fundamental, pode no futuro ter implicações no entendimento de doenças como o cancro.
Margarida Gonçalves salienta que falhas na citocinese podem levar à duplicação do genoma, uma anomalia genética frequentemente associada a células cancerígenas. Além disso, como cerca de 90% dos tumores malignos têm origem em células epiteliais, compreender este processo torna-se essencial para o avanço da investigação oncológica. (via JN)
O estudo foi desenvolvido pelo grupo de investigação Epithelial Polarity & Cell Division do i3S, com colaboração do Institut Curie, em Paris, e do Institut de Génétique, Reproduction et Développement (iGReD), em Clermont-Ferrand.