Um grupo de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, descobriu um composto capaz de corrigir a instabilidade do material genético, uma característica que está na base do envelhecimento celular.
A descoberta, liderada por Elsa Logarinho, representa a “primeira estratégia farmacológica de rejuvenescimento celular baseada no aumento da estabilidade cromossómica” e foi publicada na revista científica EMBO Reports, tendo honras de capa na edição de maio.
Na última década assistiu-se a um aumento exponencial da população com idade superior a 65 anos, o que torna as doenças associadas ao envelhecimento um problema de saúde pública a nível mundial. Sendo Portugal um dos países mais envelhecidos do mundo, os investigadores salientam que a investigação nesta área se torna uma prioridade, principalmente face ao contexto atual de covid-19, que afeta com maior gravidade os idosos.
Com esta investigação, explica Elsa Logarinho, “provamos que existe uma relação entre o envelhecimento e a instabilidade cromossómica (aumento da frequência de erros na transmissão do material genético durante a divisão das células)”.
O grupo “Aging and Aneuploidy” estuda as vias genéticas e bioquímicas que afetam a velocidade do envelhecimento com o objetivo de desenvolver terapias que possam atrasar, ou mesmo reverter, o envelhecimento.
Neste trabalho, os investigadores conseguem “não só identificar o mecanismo celular responsável pela instabilidade dos cromossomas em células de pessoas idosas, mas também apresentar um fármaco capaz de corrigir esse mecanismo celular”.
De acordo com a investigadora, o composto foi testado em células da derme de pacientes idosos, sendo a próxima fase os “ensaios pré-clínicos”, que espera que “recebam financiamento, para validação deste composto como terapia anti-envelhecimento”.
“Estes ensaios destinam-se a caracterizar e otimizar as propriedades farmacocinéticas do composto (absorção, distribuição, metabolismo e excreção) in vitro e in vivo (modelo animal), validando o seu potencial e segurança para futuros ensaios clínicos”, conclui Elsa Logarinho.