“Combater e antecipar falhas de nivelamento” de veículos da Metro do Porto. É este o objetivo do projeto ‘FailStopper’, desenvolvido pelos investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto.
Anualmente, são canceladas cerca de 3000 viagens por avarias nos veículos da Metro do Porto. É para combater estas falhas que o INESC TEC propõe o projeto FailStopper – Early failure detection of public transport vehicles in operational context, em parceria com a Metro do Porto. O projeto visa, assim, através da instalação de sensores num veículo, desenvolver um modelo baseado na análise de dados em tempo real para notificar a equipa de manutenção da existência de uma falha em desenvolvimento, que é indetetável de acordo com os critérios tradicionais de manutenção.
“A ideia é tentarmos de forma precoce antever que o sistema está prestes a falhar e, portanto, notificar as pessoas da manutenção que é necessário verificar o que poderá estar mal. Queremos ao máximo evitar que estas falhas continuem a acontecer durante a operação do veículo”, explicou à Agência Lusa Rita Ribeiro, do Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) do INESC TEC e docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
“O sistema de produção de ar comprimido (Air Production Unit – APU) instalado no tejadilho dos veículos da MP alimenta unidades que desempenham funções diferentes. Uma dessas unidades é a suspensão secundária, responsável por manter o veículo nivelado com as plataformas nas estações, independentemente do número de passageiros presentes a bordo. Este é um elemento altamente solicitado ao longo do dia e, dada a ausência de redundância, faz com que a sua falha resulte na remoção imediata do veículo para reparação”, explica o INESC TEC.
Atualmente, o regime de manutenção aplicado ao sistema da APU baseia-se em atividades de manutenção pré-programadas e corretivas para responder a eventos nos quais a falha já se desenvolveu por completo. Este novo modelo irá permitir “programar as ações corretivas em sistemas vitais e sem redundância, reduzindo custos de manutenção e aumentando a fiabilidade. Idealmente, o modelo desenvolvido deverá acionar um alarme para permitir a intervenção numa fase muito embrionária da falha, na qual seus sintomas e consequências ainda são impercetíveis, evitando assim o cancelamento de viagens”.
Segundo o instituto, uma vez implementado o modelo de deteção de falhas, pretende-se estudar o que causou a falha, de modo a identificar os sensores mais importantes para esta tarefa. Para tal, métodos que empregam abordagens probabilísticas e/ou contextuais podem ser explorados já que “um diagnóstico eficaz de falhas pode, possivelmente, reduzir o custo dos equipamentos sensores e, assim, melhorar as condições de aplicação deste sistema de deteção antecipada de falhas em toda a frota de veículos do metro do Porto”.
A longo prazo, este estudo poderá ser estendido a outros subsistemas da frota, como o conversor de tração ou as portas automáticas. Os resultados deste projeto podem ainda resultar na transferência de conhecimento para outras empresas de transporte, como a Comboios de Portugal (CP), que também suporta problemas de nivelamento.
Com início ainda em 2018, o FailStopper tem um orçamento aproximado de 95 mil euros.
O projeto ‘FailStopper’ foi um dos 15 projetos aprovados no concurso de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico em Ciência de Dados e Inteligência Artificial na Administração Pública, uma iniciativa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) que junta o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério da Modernização Administrativa.