Na semana passada, Gondomar, no distrito do Porto, foi palco de um incêndio devastador que consumiu aproximadamente três mil hectares, equivalente a 18% do território do concelho e a 28% da sua área florestal. Segundo Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar, os prejuízos estimados ultrapassam os 10 milhões de euros, abrangendo perdas em explorações florestais, agrícolas e bens privados.
O fogo, que teve início na segunda-feira e afetou áreas como Medas, Jovim, Jancido (Foz do Sousa), Melres e Gens, só foi considerado controlado na quinta-feira. O levantamento dos danos está a ser realizado pelas juntas de freguesia desde sexta-feira e a Câmara, juntamente com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), já esteve no terreno a avaliar a situação. O relatório final será entregue à CCDR-N dentro de uma semana.
Entre os prejuízos mais significativos, destacam-se a destruição de uma oficina na Foz do Sousa, onde 22 viaturas foram consumidas pelo fogo, e uma casa de madeira em Melres. No entanto, os maiores danos registaram-se em áreas de apoio de habitações e equipamentos agrícolas.
Quanto às causas, de acordo com o Porto Canal, Marco Martins foi claro ao afirmar que há sinais evidentes de fogo posto, já que algumas ignições revelaram características de origem criminosa. O autarca também destacou os esforços na prevenção, mencionando que em 2024 foram realizadas mais de duas mil notificações para limpeza de terrenos e efetuadas mais de 100 limpezas coercivas, medidas que contribuíram para a proteção de várias áreas habitacionais.
A preocupação agora recai sobre o risco de deslizamentos nas zonas ardidas, especialmente com a chegada da chuva. Estão a ser monitorizadas áreas próximas de estradas, habitações e linhas de água. Algumas intervenções de menor dimensão já estão a ser executadas, mas Marco Martins alertou que as soluções estruturais, como a construção de novos muros e o reforço de taludes, demoram mais tempo.
Entretanto, o Norte e Centro do país também foram duramente atingidos por incêndios, que mobilizaram centenas de bombeiros. Entre os dias 15 e 19, sete pessoas perderam a vida e 177 ficaram feridas. Em Albergaria-a-Velha, duas vítimas sucumbiram na segunda-feira após terem sofrido queimaduras graves. De acordo com o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, desde o dia 15 arderam mais de 124 mil hectares em Portugal continental, dos quais 93% situam-se nas regiões Norte e Centro.