
O estudo “Porto: Covid-19 Business Continuity Survey”, feito pela autarquia portuense, revela que a pandemia afetou mais as microempresas, o setor da hotelaria e turismo, e os investidores nacionais. Já as grandes empresas, o setor tecnológico e os investidores internacionais registaram perdas mais ligeiras.
O gabinete de atração de investimento InvestPorto analisou os efeitos da pandemia no tecido de empresas estratégicas da cidade. O inquérito foi centrado em empresas com investimentos prioritários para a estratégia de desenvolvimento económico da cidade do Porto. “As 65 empresas participantes empregam mais de 4.000 colaboradores e geraram um volume de negócios combinado superior a 768M€ em 2019”, indica o trabalho.
A maioria dos investidores registou perdas ligeiras devido à Covid-19, inferiores a 30%, embora cerca de 15% tenha visto a sua atividade reduzida para menos de metade.
O setor da hotelaria e turismo foi o que sofreu o maior impacto com a crise, com todos os investidores do ramo a registarem quebras moderadas a elevadas.
Já no setor das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o número de investidores com perdas elevadas é residual.
O estudo também conclui que, regra geral, quanto menor a dimensão das operações, maior a quebra de atividade e observa que os investimentos estrangeiros foram menos afetados do que os domésticos.
De acordo com o relatório, realizado entre os dias 19 de maio e 5 de junho, 82% das empresas está já a laborar normalmente. Da amostra, apenas 3% das empresas estavam prestes a suspender a atividade e 15% encontravam-se com a atividade temporariamente suspensa, metade das quais provenientes do setor da hotelaria e turismo.
O estudo conclui também que a Covid-19 trouxe novas oportunidades de negócio para 1 em cada 4 investidores. Os investidores externos são os que mais identificam novas oportunidades no Porto. No entanto, as oportunidades geradas pela Covid-19 também se distribuem assimetricamente entre setores, concentrando-se nos serviços de consultoria, em empresas tecnológicas e nos serviços partilhados. No setor da hotelaria e turismo nenhum investidor identificou novas oportunidades.
A esmagadora maioria das empresas, cerca de 91%, indica ser capaz de assegurar as suas necessidades de liquidez imediatas, enquanto 8% dos inquiridos assinalaram não ter capacidade de caixa para os próximos dois meses, sendo que, destas, 60% eram microempresas.
Em resposta à pandemia, oito em cada 10 empresas adotaram o regime de teletrabalho.
O recurso ao pagamento fracionado de impostos e de contribuições para Segurança Social foi solicitado por 22% das empresas participantes no estudo. As microempresas recorreram mais a esta medida do que as empresas de maior dimensão.
O relatório indica ainda que 15% recorreu ao regime de layoffsimplificado e 12% às linhas de crédito e/ou moratórias para empresas afetadas pela Covid-19. A adesão a estas medidas foi superior junto das PMEs e grandes empresas.
Segundo o estudo, apenas 3% das empresas recorreram ao despedimento de recursos humanos
A grande maioria dos investidores (79%) aprova a resposta do Município do Porto à pandemia e 71% concordam com as medidas do governo português.
Apenas 2% das empresas disse não concordar com as medidas da autarquia, enquanto que 8% referiu não concordar com as medidas do governo português. De referir que a taxa de aprovação junto dos investidores externos é superior à dos investidores nacionais.
Como são as perspetivas para o pósCovid-19? Dois em cada três investidores encaram o período de recuperação pós Covid-19 de forma positiva. No entanto, entre empresas do setor de hotelaria e turismo apenas metade antevê o futuro de forma idêntica.
Regra geral, quanto maior for a dimensão empresa, melhores as suas perspetivas no pós-crise, conclui o estudo, acrescentando que as empresas de capital estrangeiro tendem a ver o futuro de forma mais positiva do que as portuguesas.
Um em cada três investidores antecipam expandir a sua presença no Porto, sendo que o setor das TIC e os investidores externos lideram em intenções de novos investimentos. Já no setor da hotelaria e turismo espera-se uma maior contração do investimento.
Dois em cada três investidores estrangeiros antecipam aumentar o ritmo de novos investimentos no Porto e nenhuma empresa grande ou média prevê cortar investimentos na cidade. No entanto, 40% das microempresas prevê uma redução.
Metade das empresas mantém a intenção de continuar a recrutar pessoal, mas 21% adiou novas contratações. No setor das TIC, 67% das empresas prevê continuar a contratar. Já no setor da hotelaria e turismo, apenas 25% mantém a intenção de recrutar pessoal.
Os planos de recrutamento das empresas estrangeiras sofreram menos alterações devido à Covid-19, com 72% a manter a intenção de contratar mais recursos humanos. Entre empresas portuguesas apenas 38% prevê novas contrações.
O estudo completo pode ser consultado aqui.