O Centro Hospitalar São João (CHSJ), no Porto, é o primeiro do país a aproveitar totalmente o plasma sanguíneo colhido junto dos dadores. Para tal, teve que fazer obras e comprar equipamentos, num total de 160 mil euros.
De acordo com o diretor do Serviço de Imunoterapia, Fernando Araújo, por dia, o hospital deitava fora 70 unidades de plasma, perfazendo cerca de 25 mil unidades por ano por não ter capacidade de armazenamento, mas a partir da próxima segunda-feira o desperdício será “zero”.
A unidade hospitalar gastava, anualmente, 750 mil euros na importação de plasma sanguíneo e mais dois milhões na importação dos seus derivados, para além de ainda ter que pagar para o destruir. Com este novo procedimento, a poupança será de cerca de 200 mil euros por ano.
“O plasma, componente líquido do sangue, de cor amarelada, é valioso e usado em doentes com alterações da coagulação, com hemorragias muito graves, com traumatismos graves ou em cirurgias cardíacas. É um bem imprescindível para assegurar, muitas vezes, a vida dos doentes”, disse o diretor do serviço.
O plasma não é produzido, mas sim obtido através dos dadores de sangue. Após a recolha do sangue, o plasma será separado e colocado num congelador rápido para manter as condições biológicas, a uma temperatura de menos 70 graus e, depois, conservado numa arca ultracongeladora.
Uma vez por mês uma empresa estrangeira – em Portugal não há nenhuma preparada para o efeito – recolhe o plasma e, no mês seguinte, trá-lo inativo e separado em vários derivados para diferentes doenças, explicou Fernando Araújo, acrescentando que, além da poupança económica, o hospital sabe agora que o plasma é dos seus dadores, faz as suas próprias análises e conhece o produto, o que garante “mais segurança e confiança” no seu uso.
Dado que não há ainda uma estratégia nacional para aproveitar esta “mais-valia” proveniente do sangue, Fernando Araújo colocou a possibilidade do hospital de Santo António e de Gaia se associarem ao CHSJ e, em conjunto, ganharem “maior capacidade”.
De salientar que Portugal desperdiça cerca de 400 mil unidades de plasma por ano e que, depois, gasta 70 milhões de euros a comprá-lo.