“Efetivamente, há mais resíduos do que aqueles que se estimaram que existia. Portanto, o processo em curso só irá remover uma parte dos resíduos. Está já a ser feita uma avaliação rigorosa”, declarou à agência Lusa o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Neves, após a reunião realizada ontem e que juntou representantes do Ministério do Ambiente, a Câmara de Gondomar, a Junta da União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
O processo de remoção de milhares de toneladas de resíduos industriais provenientes da Siderurgia Nacional e depositados entre maio de 2001 e março de 2002 nas escombreiras das antigas minas de São Pedro da Cova, teve início em outubro de 2014 e deveria terminar em maio.
Inicialmente pensava-se existirem 88.000 toneladas de resíduos, mas o caderno de encargos do concurso público relativo ao processo de remoção – num investimento superior a 13 milhões de euros, comparticipado em 85% por fundos europeus – apontava para 105.600 toneladas.
De acordo com o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, o Governo já reconheceu que houve uma “subquantificação do volume de resíduos depositados”. Já o presidente da Junta, Daniel Vieira, afirmou, em comunicado, que no decurso dos trabalhos atualmente em curso teve conhecimento da existência de resíduos “localizados fora da área de intervenção” e ainda um “diferencial quantitativo localizado na área de intervenção”.
Para os autarcas, o importante é que a remoção “não fique a meio”. Carlos Neves, que citou as explicações dadas pelo Governo na reunião, apontou que a solução poderá passar pelos fundos do Portugal 2020, através do Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR).
O levantamento sobre as quantidades existentes está a ser feito pelo LNEC, estimando-se que em junho sejam conhecidos os resultados. A CCDR-N está a acompanhar a empreitada que agora é designada como a “primeira fase de remoção”, não sabendo “para já” se será a responsável pela “segunda fase”.
“Não há perigo de saúde pública. Não há perigo de contaminação”, afirmou Carlos Neves, citando dados apresentados pela APA e pelo LNEC e procurando vincar “uma mensagem de tranquilidade”, mas “sem com isso querer dizer que não haja urgência em resolver o problema”.