
“Decidimos adquirir os edifícios pelo respeito e pela memória face à história da freguesia e indo ao encontro a uma velha reivindicação da população local, bem como da Junta de Freguesia. Todos desejam que aquele património seja preservado”, explicou Marco Martins, presidente da câmara de Gondomar.
O Cavalete do Poço de São Vicente, monumento emblemático do antigo complexo mineiro de São Pedro da Cova classificado como de Interesse Público, está há décadas abandonado. De acordo com o autarca, os passos seguintes passam pela vedação do local para evitar acidentes, bem como preparar uma candidatura a fundos comunitários de modo a requalificar o espaço.
O complexo mineiro pertencia a uma empresa privada, a qual devido a dívidas foi alvo de uma penhora por parte das finanças, possibilitando uma hasta pública, na qual a autarquia de Gondomar comprou sete edifícios.
Além do Cavalete do Poço de São Vicente, a câmara adquiriu edifícios como silos de carga de teleférico, edifício para central elétrica e caldeira, silos de carga da zorra, escritórios, balneários e casa da máquina de extração, numa área total de 2.314 metros quadrados.
Sobre a candidatura a fundos, Marco Martins disse ter “esperança” de que o Governo “tenha uma atenção especial perante este projeto” também como forma de “compensação” a uma população que luta pela remoção dos milhares de toneladas de resíduos industriais perigosos provenientes da Siderurgia Nacional foram depositados nesta freguesia.
“É necessário preservar a história e a memória da terra mas também marcar o facto de que São Pedro da Cova ter sido alvo daquele depósito perigoso”, afirmou o autarca, acrescentando que a zona é também uma das portas de entrada do futuro Parque das Serras do Porto, um projeto partilhado por Gondomar com Paredes e Valongo.
De forma a conseguir apresentar a candidatura até ao final do ano, a câmara vai compilar os estudos existentes sobre o local, quer os académicos, quer fruto de investigações individuais ou de foro autárquico.
Um parecer da Universidade do Porto, divulgado a 22 de abril, dava conta de que o cavalete necessitava de “reabilitação a curto prazo” sob pena de a degradação se tornar “irreversível”.
O estudo sobre o valor patrimonial e estado de conservação do cavalete que está classificado desde 2010 foi realizado por professores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), nomeadamente dos departamentos de Minas e Engenharia Civil.
O complexo mineiro de São Pedro da Cova laborou ao longo de 170 anos, sendo que nos anos 30 e 40 cerca de 65% da produção nacional de carvão saiu deste local.