
Os trabalhos que compõem a exposição “Arquipélagos e Sinais”, de Francisco Laranjo, remetem o olhar para os valores essenciais do traço, da mancha de cor, do espírito inicial, caótico e delicado, que preside à formação das primeiras coisas.
“Quando os xamãs do Paleolítico produziram as suas séries de linguagem das formas, tão próximas e tão longe da realidade como a escrita pictográfica, teriam os seus cadernos de ensaios dinâmicos (mentais ou em suporte), como os que Francisco Laranjo expõe: são linhas e são gestos, são desenvolvimentos mentais do território e das envolventes, esquemas de objetos reais alterados, signos de apropriação e da imaginação”, explica a crítica Maria do Carmo Serén no texto que escreveu para o catálogo da exposição.
Reunindo um importante conjunto de obras recentes do artista, “Arquipélagos e Sinais” é sobretudo composta por desenhos e aguarelas de feição abstrata, os quais, segundo nota Rosa Alice Branco, noutro texto do catálogo, encetam “um ritual de iniciação ao diálogo entre o silêncio e a forma”. “Este desenho”, acrescenta, é o acontecimento que desvela, inequivocamente, que a figuração não se cinge à curvatura cinza, desenhando um elegante itinerário que retorna por um espaço diferido, deixando um lugar de respiração entre o ir e o voltar.”
Francisco Laranjo nasceu em Lamego e é professor catedrático da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, expondo individual e coletivamente desde 1979 em países como Portugal, Holanda, Bélgica, Alemanha, Canadá, Índia e China.