
“Acho que é possível propor à UNESCO um alargamento da zona de Património Mundial, valorizando o Património Mundial do Porto. Nós queremos fortalecer Património Mundial do centro histórico do Porto mas não queremos ser a Conímbriga do Porto. Queremos ser parte deste processo de desenvolvimento do turismo da região e isso passa por não ter ruínas do lado de Gaia e por fazer um esforço de intervenção inteligente”, declarou à agência Lusa o autarca.
Assim, Eduardo Vítor Rodrigues escreveu à Direção-Geral do Património Cultural – respondendo a uma carta desta entidade sobre a possibilidade de ser reposta a classificação de Zona Especial de Proteção (ZEP) ao Centro Histórico do Porto considerado Património da Humanidade, designação que foi anulada em 2010 – considerando que “a única solução que salvaguarda Vila Nova de Gaia é a inclusão das caves na zona classificada”, uma ideia que o autarca já defendeu anteriormente.
A intenção de Eduardo Vítor Rodrigues candidatar as caves de Vinho do Porto a Património da Humanidade remonta a novembro de 2015. Mas na altura, a diretora da Associação de Empresas do Vinho do Porto disse temer as restrições causadas por uma eventual classificação pela UNESCO das caves em Gaia já que estas “não são um museu vivo” mas uma indústria.
Esta terça-feira Eduardo Vítor Rodrigues considerou que “faria todo o sentido que já na época 1996, 1997 e 1998 isso tivesse acontecido”, ou seja, que as caves tivessem feito parte da classificação atribuída pela UNESCO.
“Do lado do Porto, o casario é muito bonito, mas caves do Vinho do Porto só encontramos em Gaia. Há aqui um debate a fazer e queremos fazer esse debate muito tranquilamente. Agora vou dialogar com o presidente da Câmara do Porto e com o Ministério da Cultura para tentarmos encontrar uma solução que seja boa para todos”, disse o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues disse ainda à Lusa que embora tivesse deixado de existir a ZEP, a zona passou a ser uma Área de Reabilitação Urbana (ARU), o que “já permite que haja um conjunto de salvaguardas que impedem problemas para [a classificação de] Património Mundial”.
“O Porto tem tido muitas cautelas, mesmo em projetos mais polémicos, e Gaia também. O facto de não haver ZEP não levantou nenhuma ameaça porque, como ARU, salvaguardamos as intervenções urbanísticas e até com normas mais rigorosas”, referiu o autarca.