Sensibilizar a sociedade para as problemáticas da infoexclusão e da desinformação, melhorar a sua qualidade de vida, promover a coesão social e envolvê-la numa participação mais ativa. São estes os principais objetivos da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para garantir a transição e a segurança digitais da população sénior do concelho, um dos grupos que considera ser mais afetados pela infoexclusão e pela iliteracia digital e mediática.
“Com a migração dos meios de comunicação para as plataformas digitais, muitos indivíduos ficaram excluídos, sobretudo aqueles que não dominam o mundo digital, na sua maioria cidadãos envelhecidos e isolados socialmente”, assinalou a autarquia, numa nota divulgada no seu portal de notícias, alertando para os “vários estudos que demonstram que este grupo é o mais vulnerável à desinformação, à informação descontextualizada e ao fenómeno das fake news”.
Com o intuito de colmatar essa problemática, o município revelou ter já em andamento o projeto “Academia MediaVeritas”, realizado em parceria com a Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa), para promover a literacia mediática na comunidade sénior do concelho. A iniciativa contará com cerca de cinquenta grupos de intervenção, compostos por uma média de 15 seniores e adultos com mais de 55 anos, com o objetivo de “capacitar este público alvo para aceder, analisar, avaliar, produzir e agir sobre os mais variados conteúdos informativos”.
“A metodologia da «Academia MediaVeritas» foi inspirada na forma de trabalho dos media, na forma como as redações editoriais se organizam e analisam, avaliam e agem sobre a informação. O objetivo é envolver ativamente os intervenientes nestas tarefas em sessões semanais, ao longo de dois meses, sempre acompanhados por jornalistas num ambiente imersivo que simula uma redação”, explica a autarquia, acrescentando que o objetivo é também envolver as comunidades mais jovens na iniciativa.
Com um investimento global de 250 mil euros, dos quais 75 mil são comparticipados pela Câmara de Gaia, o projeto será, depois, avaliado, em conjunto com o centro de investigação Fraunhofer Portugal.
Paralelamente, o município está também a desenvolver o projeto “Vozes de Gaia”, que pretende, igualmente, “solucionar o problema de iliteracia digital e mediática, que leva a que os consumidores seniores, incapazes de destrinçar a qualidade e a veracidade da informação que recebem, fiquem à mercê de interesses políticos, financeiros e ideológicos”.
Dirigido a participantes maiores de 55 anos, o programa, apoiado pela Fundação Inatel e pelo jornal Público, que conta com um investimento 150 mil euros por parte da autarquia, visa transformar cidadãos em jornalistas, inseridos numa redação comunitária no centro de Gaia, onde desenvolverão competências e ferramentas para exercer a sua cidadania em pleno.
No final, o projeto resultará num jornal impresso, um jornal digital, conteúdos de informação atualizados num site e conteúdos de rádio, bem como podcasts. “Cada grupo de cidadãos jornalistas participará, ainda, num exercício de team building, com o objetivo de os levar a sair da sua zona de residência, contactar com outras comunidades, trabalhar em equipa e ser sensibilizados para temáticas de envelhecimento ativo”, destaca, por fim, o município, acrescentando que estas saídas servirão também para divulgar o projeto noutras zonas do país.
“O objetivo é que, no final, se registe um aumento da cidadania ativa e participação cívica deste grupo etário, assim como a diminuição do impacto do isolamento e da exclusão social”, conclui.
