O projeto “Pelos Dois” propõe reabilitar os reclusos dos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo, Izeda e Vale do Sousa, dando-lhes a responsabilidade de cuidar, educar e treinar cães “sem família”.
Desenvolver competências pessoais, sociais e emocionais nos reclusos, apostando na sua reabilitação com recurso a cães “sem família”, é o objetivo do “Pelos Dois”, projeto recentemente aprovado no âmbito dos “Programas Parcerias” para o Impacto da Portugal Inovação Social, pela associação DTC Social.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia é o investidor social da iniciativa que envolverá um universo de 432 pessoas da população reclusa masculina e 432 cães do Centro de Reabilitação Animal de Gaia, ou de associações de proteção animal locais.
Os reclusos dos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo, Izeda e Vale do Sousa terão a responsabilidade de cuidar, educar e treinar esses cães.
O projeto prevê, ainda, a existência de alojamento para os animais nas instalações dos estabelecimentos prisionais para que se possa garantir, diariamente, o bem-estar dos cães alocados ao programa, treinando-os, ao mesmo tempo que estes são divulgados para adoção numa plataforma criada para o efeito.
“Esta iniciativa pretende causar um forte impacto positivo na sociedade. Por um lado, no recluso, pretende promover a saúde mental e investir no desenvolvimento pessoal e social, capacitando-o e dando-lhe uma ocupação de tempo livre estruturante, educativa e útil. Por outro lado, através dos treinos básicos, os cães ficarão mais aptos a serem adotados, contribuindo assim para a diminuição da lotação dos centros de recolha animal”, explica a autarquia, em comunicado.
A “elevada prevalência de perturbações psiquiátricas na população reclusa portuguesa, o que aumenta os fatores de risco de reincidência”, e “a sobrelotação dos Centros de Recolha Oficiais de animais errantes”, estão na base deste projeto.
O orçamento total do projeto “Pelos Dois” ronda os 780 mil euros, dos quais 165 mil são financiados pela Câmara de Gaia.