“Eu acho que em 2020 é impossível imaginar que esteja o quadro [comunitário] executado. O que presumo que vá ter que acontecer é uma grande dose de ‘overbooking’ na fase final ou então uma reprogramação para áreas que ficaram desprotegidas na programação do atual quadro”, frisou o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues recordou que o novo pacote de ajudas de Bruxelas devia ter arrancado já em 2014 e que dois anos depois ainda não há concursos abertos para os municípios “numa altura em que o país tinha a obrigação de fazer tudo para sair da crise, criar emprego e riqueza”.
“O meu problema é como é que se congela recursos numa altura em que o país tanto precisava de injeção de dinheiro e de investimento para pôr as empresas a trabalhar”, criticou o autarca.
Com estes atrasos, as câmaras continuam sem outras verbas que não as inscritas no orçamento municipal o que, no caso de Gaia, tem vindo a reduzir ao longo dos últimos anos, situando-se no último ano em 155,6 milhões de euros quando em 2009, numa altura em que contava com fundos comunitários, estava quase no dobro.
E se durante o quadro comunitário anterior, Vila Nova de Gaia chegou a gerir quase 20 milhões de euros de dinheiro de Bruxelas, neste momento conta apenas com projetos na ordem dos 300 mil euros, o que “não é nada”.
Juntando à quebra no orçamento a falta de fundos comunitários e a impossibilidade de recorrer à banca, Vítor Rodrigues afirma que “não há dinheiro” e que estes últimos anos têm sido utilizados quer para fazer o reequilíbrio das contas, quer para “tentar desenhar projetos e ser ambiciosos”.
Sem querer apontar o dedo, Vítor Rodrigues lembrou que a Associação Nacional de Municípios Portugueses “é o interlocutor dos municípios junto do Governo” pelo que “convinha que tivesse uma visão estrutural sobre o assunto”.