
A indefinição sobre o futuro do Edifício Transparente continua a dar que falar. Perante a ausência de uma posição clara por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) quanto à possível demolição da estrutura, a Câmara do Porto aprovou, por unanimidade, a proposta de prolongamento da concessão do espaço por mais um ano, medida que segue agora para apreciação na Assembleia Municipal.
A decisão, embora necessária para evitar o abandono do edifício, está longe de agradar a todos. Os partidos com assento no Executivo municipal acusam a APA de manter o processo num impasse insustentável, impedindo qualquer avanço no planeamento da frente marítima, cuja reorganização está prevista no Programa da Orla Costeira Caminha-Espinho. Esse plano contempla, entre outros pontos, a demolição do edifício num intervalo entre 2019 e 2028.
O que diz Rui Moreira sobre o assunto?
Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, não esconde a frustração com o que classifica como “uma ditadura da APA”. Para o autarca, esta falta de decisão é não só uma “falta de respeito” pelo município como também “extremamente preocupante”, já que compromete o futuro de uma zona com elevado uso público.
Apesar do desagrado, a prorrogação do contrato com a empresa concessionária Hottrade — que gere o edifício desde 2004 — foi considerada inevitável. Segundo o presidente, os responsáveis pela gestão do espaço têm cumprido as suas obrigações e mantido o edifício em funcionamento, com iniciativas como a criação de áreas de coworking.
Mas o Edifício Transparente não é o único afetado pela incerteza. Estruturas como o antigo CLIP, o Aquário e a unidade da Pizza Hut também aguardam definições, bem como o plano geral de requalificação das praias da cidade.
O líder da autarquia portuense admite ainda que os vereadores se viram “forçados a aprovar” a prorrogação da concessão do Edifício Transparente.
Durante a reunião, Rosário Gambôa (PS) sublinhou o impacto negativo dos constantes atrasos da APA e defendeu que o edifício deve continuar a ter uma utilização pública integrada no contexto urbano e natural da cidade.
Já Sérgio Aires, do Bloco de Esquerda, destacou o valor arquitetónico e estratégico do edifício, que considera poder ter um papel relevante na promoção de temas ligados ao mar. Joana Rodrigues, da CDU, reforçou a crítica à inação do Governo, apontando que a demolição, a acontecer, exigiria investimento e vontade política — algo que, até agora, não se verificou.