O plano do Governo para a comunicação social, que prevê a redução de receitas publicitárias na RTP, levantou preocupações na Câmara do Porto.
De acordo com a Câmara do Porto, o Executivo municipal apelou ao Governo para garantir o financiamento e a continuidade do Centro de Produção do Norte, destacando a importância deste polo para a região e para o país. A recomendação, proposta pelo Partido Socialista, obteve maioria, mas contou com votos contra do PSD e da vereadora independente Catarina Araújo.
Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, defendeu a manutenção do centro de produção, considerando-o essencial para a democracia e para a descentralização do país. “Não podemos ter um Estado exíguo para quem partes do país não existem”, sublinhou, reforçando a importância de evitar uma gestão centralista da RTP.
Filipe Araújo, vice-presidente, concordou, lembrando que o centro de produção do Norte representa 15% dos funcionários, mas é responsável por quase metade das notícias da RTP.
O presidente da autarquia alertou ainda que reduzir a publicidade na RTP pode resultar em “canibalização” por parte de plataformas alternativas. Rui Moreira manifestou preocupação de que, ao eliminar a publicidade, a RTP perca motivação para aumentar a audiência, tornando-se um canal elitista e menos acessível.
Rosário Gambôa, proponente da recomendação, destacou que muitos serviços da RTP só são viáveis graças à publicidade. Ela alertou que a queda no financiamento poderia prejudicar a missão de promover coesão linguística e cultural.
Sérgio Aires, do Bloco de Esquerda, criticou a possibilidade de desinvestimento no centro de produção, enfatizando que este é um recurso crucial e um backup importante para a RTP.
Catarina Araújo, apesar de votar contra, afirmou que o serviço público não se define apenas pelo share de audiência, mas sim pela capacidade de chegar a todas as pessoas e promover a literacia. A mesma expressou confiança na continuidade do centro de produção, reforçando que a RTP deve ter funções ampliadas e menos dependência de conteúdos comerciais.
A vereadora do PSD, Mariana Ferreira Macedo, afirmou que o novo modelo proposto visa fortalecer a RTP e não enfraquecê-la, destacando um investimento de 14 milhões de euros, considerado histórico. Mariana Ferreira Macedo concluiu que o objetivo é fazer da RTP um canal mais distintivo, livre das amarras da publicidade comercial.
Por fim, a deputada do PS, Carolina Santos, advertiu sobre a possibilidade de o reforço de financiamento ser desviado para Lisboa, alertando que este cenário já aconteceu anteriormente.