Já foi dado o “pontapé de saída formal” para o processo de candidatura da Francesinha a Património Imaterial da Humanidade.
“É um património da cidade, mas é acima de tudo um património do povo”, disse ao Evasões Alfredo Sousa Pinto, historiador, gastrófilo e impulsionador de uma petição que num par de meses recolheu mais de 5 mil assinaturas.
“A candidatura da francesinha do Porto a Património Imaterial da Humanidade já é uma realidade”, revelou o presidente da Associação Francesinha no Coração, este sábado, 31 de março, à porta do restaurante A Regaleira – um local simbólico, apontado como o sítio onde a receita foi criada, há mais de meio século.
A francesinha foi criada por David Daniel Silva, em 1952, em jeito de adaptação do croque-monsieur ao gosto e aos ingredientes portugueses, n’A Regaleira. “Tratava-se de um emigrante regressado, acaba por ser uma espécie de comida de torna-viagem, um dos mais elementares veículos de propagação e apropriação gastronómica”, acrescenta o historiador.
A data para conclusão da candidatura está ainda em aberto, dadas as exigências processuais envolvidas. Segue-se uma fase de estudos “com vista ao enquadramento da francesinha enquanto elemento a promover e valorizar nas vertentes cultural, turística e gastronómica”, bem como “um levantamento exaustivo das variações que a receita encontra em casas de referência não só do Grande Porto, como de cidades como Aveiro, Coimbra ou Lisboa”.
No entanto, antevê-se um problema: a UNESCO exige uma listagem minuciosa do processo produtivo, e não será tarefa fácil convencer cada restaurante a revelar o seu molho secreto. Mas Alfredo não desanima: “Será um motivo de orgulho para todos os portuenses e não acredito que alguém queira ficar de fora. Quando vier, o Património da Humanidade será de todos – tal como a francesinha”.