
A cidade do Porto serviu de pano de fundo para a mais recente criação cinematográfica de João Vladimiro e Luís Palito. Intitulado “O Desaparecimento dos Pirilampos”, o filme conta com o apoio da Filmaporto e aposta numa abordagem híbrida entre o documental e o ficcional.
De acordo com a Câmara do Porto, a história explora a vida de três homens — João, Baptista e Paulo — cujas histórias singulares se cruzam num elo fraterno.
A narrativa, ancorada num caso real — o despejo do emblemático tasco “O Balcão” e do seu responsável, João Cristo —, mostra-nos numa viagem íntima dos protagonistas, que se lançam numa procura interna, solitária e indefinida.
As suas trajetórias misturam-se numa dança constante entre a realidade e a imaginação, entre o que se pode tocar e aquilo que escapa à compreensão.
Segundo João Vladimiro, essa experiência de perda e renascimento inspirou uma linguagem própria: “Destas mortes e nascimentos que a cidade impõe, criámos um espaço onírico, onde as leis e as regras dos homens e do tempo não se aplicam de forma tão intrusiva”.
O filme foi gravado nos bairros de S. Vítor e Fontaínhas
O projeto foi filmado essencialmente nas zonas de S. Vítor e das Fontaínhas, sendo que conta com um elenco composto por Ana Soares, João Cristo, Caco, Paulo Mota e Rui Pedro Baptista — alguns deles com ligações diretas a esses mesmos bairros.
Mais do que pano de fundo, o Porto assume-se como peça essencial da obra, capaz de moldar o ritmo e os rumos da história. “O Porto influencia todo o percurso porque o filme nasceu à beira-rio e a água está profundamente ligada à metáfora que propomos” – afirma o realizador.
O próprio acrescenta ainda que “ao longo de uma extinta linha de comboio, que se estende Douro acima até Barca d´Alva, o nosso palpável limite terreno, buscamos-lhe a origem como forma de tentar compreender o seu percurso e o seu fim, como buscamos compreender o caminho da cidade e destes últimos pirilampos que a habitam”.
Com produção a cargo da OPTEC Filmes, “O Desaparecimento dos Pirilampos” apresenta-se como uma reflexão poética sobre o impacto do tempo nos espaços e nas pessoas, num retrato melancólico e simbólico da constante transformação urbana.