Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a estudar a implementação de uma ferramenta “baseada em medicina personalizada, rápida e de baixo custo”, para prever a evolução da infeção viral por Covid-19 nos pacientes.
A ideia é estratificar melhor os doentes, antecipando a sua evolução clínica, aponta João Tiago Guimarães, investigador da FMUP e líder do projeto.
“A ferramenta será construída na plataforma iLoF (intelligent Lab on Fiber) – uma solução validada, totalmente operacional, baseada em algoritmos fotónicos e inteligência artificial, que permite a deteção e identificação de bio-nanoestruturas em dispersões líquidas (por exemplo, no plasma sanguíneo) para medicina personalizada e de precisão”, avança o médico e investigador.
A plataforma iLoF, uma tecnologia patenteada desenvolvida pela spin-off de mesmo nome e atualmente incubada no FMUP, permite registar e analisar a “impressão digital ótica” resultante da interação do feixe de luz com determinadas bio-nanoestruturas, como as que se encontram especificamente desreguladas no plasma devido à resposta inflamatória ao SARS-CoV-2.
É com base nesta informação que os investigadores pretendem estratificar melhor os doentes.
“Isto tem impacto para a Saúde Pública na medida em que, ao classificar melhor os doentes, podemos definir estratégias terapêuticas mais adequadas. Cada pessoa poderá beneficiar de uma abordagem mais personalizada e ajustada às suas necessidades clínicas”, explica João Tiago Guimarães.
O estudo conta com a participação, além da FMUP, do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), do INESC TEC e da spin-off iLoF.
O projeto, intitulado CAIRUS – COVID-19 Artificial Intelligence-based Risk Unified Stratification tool for clinical management, recebeu um financiamento de cerca de 30 mil euros, no âmbito da RESEARCH4COVID19 – um programa de apoio especial para implementação rápida de soluções inovadoras de resposta à pandemia de COVID-19, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
De referir que Portugal regista, esta quarta-feira, 1089 mortes por Covid-19, mais 15 do que na terça-feira, o que corresponde a um aumento de 1,39% face ao dia anterior. Quanto ao número de casos confirmados, são agora 26182, mais 480 do que na terça-feira, o equivalente a uma taxa de crescimento de 1,86%.
Estes são os dados que constam no boletim epidemiológico desta quarta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Há 2076 pessoas recuperadas, mais 333 do que na terça-feira.
Há 838 pessoas internadas, 139 delas nos cuidados intensivos. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, 84,7% dos doentes com covid-19 está a ser tratado em casa.
Das 1089 vítimas, 950 tinham mais de 70 anos.
A região mais afetada continua a ser o Norte, com 15256 casos positivos e 623 mortes. Segue-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, com 6641 casos confirmados e 226 mortes. No Centro do país há 3505 casos confirmados por infeção e 213 mortes.
As regiões menos afetadas continuam a ser o Alentejo – 220 casos confirmados e um morto – e a Madeira (86 casos confirmados, sem mortes).
Lisboa é o concelho que regista mais casos positivos (1627). Segue-se o concelho de Vila Nova de Gaia (1425) e Porto (1266).
Foto: FMUP