Com uma abordagem multidisciplinar, o novo festival de new media pretende fomentar a reflexão sobre a revolução digital. Tendo por base os cruzamentos entre o homem e a tecnologia, “o evento vai pensar o lugar do corpo e a da intimidade num tempo em que o digital, a tecnologia e as inteligências artificiais parecem contaminar a experiência humana. Estão prometidos workshops, performance, concertos, livros e dança, num alinhamento que provoca encontros inusitados entre a cultura humanista e a cultura cibernética”, revela a organização em comunicado.
A curadora Marianne Baillot considera que a Humanidade sempre se tentou afastar da condição de animal, mas, na era do digital, poderá ser através do animal que se reintroduz a componente humana na sua existência.
Marianne Baillot adiantou à agência Lusa que o festival Vivarium vai acontecer de forma anual e ser dotado de uma “abordagem multidisciplinar”, que pretende que o evento vá além das artes visuais e se foque no lugar do corpo no contexto da sociedade atual.
Um dos destaques desta primeira edição é a estreia nacional do italiano Marco Donnarumma, que vai apresentar “Corpus Nil”, “um ritual de nascimento para um corpo modificado, assente numa coreografia tensa entre um artista humano e uma máquina artificialmente inteligente, alimentada por biotecnologia, deteção biofísica e inteligência neurorobótica”, decreve o comunicado da organização.
O escritor Gonçalo M. Tavares vai coordenar uma oficina com base no livro “Atlas do Corpo e da Imaginação”, bem como participar na conversa “Questões Éticas e Estéticas Abertas pela Revolução Digital”, com o diretor artístico do New Art Fest, António Cerveira Pinto, sob moderação de Marta Bernardes.
O festival vai contar com uma ‘performance’ inédita de Jonathan Schatz com Nicolat Canot, intitulada “In Vitro”, depois de uma “mini-residência artística”. Ícaro Pintor e Joaquim Pavão vão apresentar “Ifsting Split”, e o projeto Krake, do baterista de peixe:avião, Pedro Oliveira, vai atuar na esplanada do Maus Hábitos.
Estarão ainda em exposição obras de nomes como Silvestre Pestana, Diogo Tudela, Miguel Palma e Nerea Castro.
De acordo com Marianne Baillot, o atual momento cultural da cidade, em que a cidade “se quer afirmar como uma smart city” e atrair talentos de fora, dão o contexto a este evento.
O Vivarium quer ser uma “plataforma para pensar nas consequências da revolução digital”, e para 2019 estão já previstas residências de longo prazo na cidade e eventos para lá do Maus Hábitos.
O festival tem várias atividades gratuitas mas contempla algumas pagas, sendo que estas vão custar oito euros, em compra antecipada, e, no dia, dez euros.
Já as inscrições para a oficina de Gonçalo M. Tavares serão limitadas a 30 pessoas e vão custar 30 euros, adiantou ainda a organização do evento.