O ex-presidente da Câmara do Porto e mentor da classificação da cidade como Património Mundial, Fernando Gomes, recordou que a conquista, que assinala hoje 18 anos, foi fundamental para preservar o casco histórico da Invicta, que esteve ameaçado. “A razão essencial foi procurar que o centro histórico não viesse a ser alvo de apetites imobiliários que o pudessem descaracterizar. A classificação passou a criar uma responsabilidade a todas as administrações municipais que viessem a seguir e a condicioná-las na arbitrariedade”, afirmou, em declarações à Lusa.
Para o socialista, a autarquia não pode reabilitar sozinha, sendo que existem sinais de uma “nova dinâmica” criada pelo próximo quadro comunitário de apoio. “Quero crer que próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) vai trazer nova oportunidade. Do que conheço da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN) e da Câmara do Porto, penso que vai ser criada aqui nova dinâmica”, sublinhou. O socialista defendeu ainda que a Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto “estará sempre” no rumo certo, já que “a reabilitação urbana é necessária”, mas alertou que, “sem meios, não é possível avançar muito”. Segundo realçou, há cerca de 20 anos, o objetivo de preservar o coração da cidade foi muito mais forte do que qualquer tentativa de “alcançar atratividade e notoriedade internacional”. “Há muitos anos, todo aquele casco histórico só não foi destruído por acaso. Esteve para se fazer um silo auto na zona da Sé e Barredo”, lembrou, admitindo que “a riqueza do Porto de hoje advém da pobreza da cidade naquele tempo”. Ainda assim, Gomes reconhece que tinha esperança de que a classificação “tivesse levado a um maior investimento na reabilitação urbana”, que, “durante muitos anos, ficou completamente parada”.
