A VIVA! esteve à conversa com o artista Fernando Daniel que nos falou sobre como tem sido a sua experiência na música, alguns dos seus objetivos e como tem vivido o papel de pai.
O jovem músico, natural de Estarreja, venceu o programa The Voice Portugal em 2016 e em 2017 lançava o seu primeiro single. Um ano depois estreou o disco “Presente”, que entrou diretamente para o primeiro lugar do Top Nacional de Vendas e permaneceu na liderança durante seis semanas consecutivas.
Fernando Daniel conta com vários singles de platina e outros tantos de ouro e é atualmente um dos cantores jovens portugueses com mais fãs e mais reconhecimento junto do público.
Como é que a música entrou na sua vida?
A curiosidade despontou ao ver os meus avós tocarem num grupo de música popular, entretanto as minhas irmãs também começaram a cantar la por casa e muitas vezes com os meus avós e despertou aí o meu “bichinho.”
O que é que diria o Fernando Daniel de agora ao Fernando mais jovem quando as oportunidades teimavam em não aparecer?
Estavas certo.
O quê que acha que teria feito se aquela prova cega no The Voice não tivesse dado certo?
Hoje provavelmente continuava a tentar, com ou sem carreira, mas não desistia.
Quando venceu o The Voice em 2016 imaginaria que em 2022 já teria 2 Discos de Ouro, atuado nos Coliseus do Porto e Lisboa e uma legião de fãs tão grande? O quê sente ao já ter conquistado tudo isso?
Apesar de sempre ter sido um objetivo nunca achei que o conseguisse de uma forma tão rápida e forte, mesmo com uma pandemia a desperdiçar dois anos de carreira.
Esperava ter tantos fãs, sobretudo, de uma faixa etária tão nova? A quê que acha que isso se deve?
Felizmente tenho fãs de diferentes idades, diferentes maturidades. As músicas que faço também são abrangentes nesse sentido. No que toca aos fãs mais novos (crianças) acho que se deve ao impacto do The voice kids.
Considera que é mais difícil vingar como músico em Portugal do que seria em outro país?
Não sei, nunca tentei noutro país. Mas vingar no nosso não é fácil, mesmo vingando há quem nem sempre valorize verdadeiramente ou se esqueça rápido do que este ou aquele alcança, a nível de memória podíamos ser muito melhores.
Alguma vez sentiu que Portugal lhe falhou no que toca a reconhecimento?
Já me senti injustiçado muitas vezes, no que toca a prémios e indicações, mas a nível de público não. Tenho um excelente público que me defende e apoia com unhas e dentes e isso é ótimo.
Numa altura em que a música portuguesa voltou a “estar na moda”, como é que olha para a aposta crescente das rádios em passar mais música de artistas portugueses?
Acho muito bem, sinceramente. Temos excelentes artistas.
O quê que a música lhe trouxe de mais positivo até agora?
O meu público, a vida que levo, viver o meu sonho, construir uma família e ajudar a minha no que for necessário.
Qual o lado menos positivo de ter esta profissão?
Os dias menos bons, como outra pessoa qualquer tenho os meus problemas pessoais, ou não ando tão bem e sair à rua e receber todas as pessoas com um sorriso para que não se apercebam de nada é desgastante psicologicamente.
Qual a música que gosta mais e menos de cantar?
Gosto de cantar todas, são todas diferentes à sua maneira.
Maiores diferenças, em relação ao que sentiu, entre a 1ª vez que subiu a um palco e atualmente?
O à vontade, encarar o público e controlar os nervos.
Qual o seu maior receio cada vez que vai dar um concerto?
Que falhe a luz!
Tem algum ritual antes de entrar em palco? Se sim, qual?
Tenho, mas é segredo.
Qual a história mais caricata vivida, até à data, em contexto de tour ou mesmo em algum concerto?
No inicio, trocavam muito o meu nome. Desde Daniel Fernandes, a Jorge Daniel, a Fernando Gabriel.
Quais os concertos que mais lhe ficaram na memória e porquê?
Talvez os coliseus, foram adiados dois anos. São 2 salas míticas do nosso país, por onde já passaram vários nomes gigantes da nossa música e internacionais.
O quê que não se imagina a fazer na música?
A parar.
Qual é o seu maior sonho/objetivo na música?
Encher um estádio e depois seguir para uma carreira internacional.
Como é que quer ser visto enquanto artista?
Com respeito. Alguém lutador. Que não exige mais do que aquilo que merece.
Enquanto jurado do The Voice Kids o que sente quando tem que lhes dizer que não passam para as fases seguintes?
Uma responsabilidade enorme em garantir que não se torna numa experiência triste para aqueles que não passam.
Para si, qual considera ser o papel mais difícil: o de concorrente ou jurado?
O de concorrente, sem dúvida.
A produção musical é certamente bastante desafiante. Sente-se sempre com criatividade? Quando é mais difícil ter ideias para novas músicas, em quê que se costuma inspirar?
Sim é das coisas mais desafiantes da profissão. Nem sempre me sinto criativo, como por exemplo agora. Tento não forçar a inspiração, quando tiver de aparecer aparece.
A música Melodia da Saudade dedica ao seu avô muito rapidamente se estendeu a pessoas que perderam também algum familiar. O que é que sente por saber que esta música, que é tão pessoal, já não ser só sua, mas de milhares de portugueses que se identificam com ela?
Apesar dos quase 30 milhões, de nunca ser indicada a nada de prémios, apesar de ser single de ouro e creio que platina, esse é o maior prémio. Perceber que esta música deixou de ser nossa e passou a ser a música que torna a distância entre o além e a terra mais curta para aqueles que perderam alguém.
Como está a ser viver o papel de pai? É tudo aquilo que imaginava que seria?
Estou a adorar, tem dias que é mais desgastante mas no fim do dia compensa sempre. Acho que sou um bom pai, faço por isso.
Quais as coisas que mais tem gostado de viver com a pequena Matilde?
As brincadeiras, ela reage muito bem a mim, devo ser a pessoa para quem ela mais sorri e procura nas alturas de mais diversão e sempre que ouve a minha voz roda a cabeça à minha procura.
Que músicas a sua bebé mais gosta que lhe cante?
Modas alentejanas.
Já está a compor algum tema dedicado a ela? Se sim, o que nos pode revelar?
Já existe algo encaminhado, mas não o suficiente para que consiga revelar algo concreto.
Tem receio que, um dia, a Matilde se farte de ouvir as músicas do pai?
Não, pode vir a acontecer. E se acontecer só está no direito dela de ouvir outra coisa qualquer.
Que planos tem na música, a curto prazo, que possa revelar?
Novo disco no primeiro semestre do próximo ano, um single ainda este ano.