
A Feira do Livro do Porto do próximo ano vai celebrar a vida e obra de Júlio Dinis, escritor portuense do século XIX. A revelação foi feita pelo presidente da Câmara do Porto, no último dia da edição de 2020 do certame literário, que recebeu a visita de cerca de 100 mil pessoas.
“Depois de ter pensado no assunto, e de ter ouvido algumas pessoas – tu [Nuno Faria, coordenador programático da Feira do Livro do Porto] foste uma das pessoas que ouvi e também o Guilherme Blanc [diretor de cinema e arte contemporânea da empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto do Porto] – quero que a próxima Feira do Livro seja dedicada a um escritor que, ainda que não seja completamente esquecido, é um escritor cujo mérito carece de reconhecimento, que é Júlio Dinis”, revelou, no domingo, Rui Moreira, na rubrica “Escrita Escuta” da Rádio Estação, iniciativa criada no âmbito da Feira do Livro do Porto 2020.
Segundo explicou o autarca, citado pelo Porto., a escolha surgiu “porque acho que Júlio Dinis é um escritor muito mal compreendido, é um escritor mal lido e é um escritor que tem uma enorme ligação ao Romantismo”, período da história que teve na cidade do Porto “um papel muito importante”.
“Júlio Dinis é um escritor maravilhoso, que temos de lançar novamente (…) Acho que pode abrir de facto caminho a uma Feira do Livro mais uma vez surpreendente, de um escritor que precisa dessa (re)descoberta”, considerou Rui Moreira.
O balanço final Feira do Livro do Porto 2020 ainda não está fechado mas Rui Moreira apontou que “teremos qualquer coisa como 100 mil visitantes ao fim do dia de hoje [domingo], o que é extraordinário na circunstância atual”.
A Feira do Livro do Porto 2020, a sétima edição organizada pela Câmara do Porto nos Jardins do Palácio de Cristal, abriu ao público a 28 de agosto, com acessos limitados a 3.500 pessoas, no recinto.
Com cerca de 120 pavilhões e mais de 80 entidades participantes, a Feira do Livro 2020 teve por tema “Alegria para o fim do mundo”, um verso da escritora Andreia C. Faria, autora residente da iniciativa.
As homenageadas desta edição foram a imunologista Maria de Sousa (1939-2020), que morreu em abril, vítima de infeção causada pelo novo coronavírus, e a poeta Leonor de Almeida (1909-1983), “que caiu um pouco no esquecimento e nas malhas da história, mas foi resgatada e reinscrita na contemporaneidade através de duas edições, resultantes do trabalho maravilhoso de Cláudia Clemente”, sublinhou Nuno Faria, coordenador programático do festival cultural e diretor do Museu da Cidade.
Além dos livros, o evento contemplou ainda lições, debates, sessões de palavra soprada e de cinema, emissões de rádio, concertos de vários géneros musicais, oficinas e espetáculos de teatro e de circo.
Foto: Facebook Feira do Livro do Porto