
A Fundação Manuel António da Mota inaugura esta sexta-feira, pelas 18h, uma exposição para lembrar o importante papel que as carquejeiras desempenharam no desenvolvimento da cidade do Porto.
A mostra é constituída por pinturas, esculturas e até um álbum de fotografias centenárias que foram especialmente recuperadas para esta ocasião. Tudo para nos proporcionar uma viagem à época em que a sobrevivência era uma verdadeira luta.
Reza a história que a antiga Calçada da Corticeira era, durante o séc. XIX, início do séc. XX, calcorreada por mulheres de todas as idades que, para obterem o sustento diário, se viam obrigadas a carregar às costas até 50 quilos de carqueja, uma planta silvestre que era usada como combustível para os fornos das padarias e as lareiras das casas burguesas. A planta chegava nos barcos do Douro e era juntada em molhos por estas mulheres, cuja penosa e perigosa viagem começava na íngreme rua, atualmente denominada Calçada das Carquejeiras, e podia chegar até à Foz ou Paranhos.
A Associação de Homenagem às Carquejeiras do Porto é um grupo de cidadãos que faz questão de relembrar estas mulheres: “Queremos dar a conhecer estes vultos que foram ignorados”, diz Maria Arminda Santos, que considera ser necessário que os mais novos “conheçam a história da sua cidade e as suas sensibilidades para que possam gostar dela”.
A associação pretende ainda erigir um monumento no topo da Caçada das Carquejeiras em homenagem às mulheres que percorriam as ruas do Porto, dobradas pelo peso da carqueja e da sua condição social.
Esta exposição na Fundação Manuel António da Mota servirá também para que a associação possa recolher fundos que permitam a construção deste monumento, que já tem uma maquete.
A mostra estará patente ao público no primeiro andar da sede da instituição, situada no Mercado do Bom Sucesso, até ao dia 27 de abril, podendo ser visitada de segunda a sexta, das 10h às 18h. A entrada é livre.