
Sabe-se, avança o portal de notícias da U.Porto, que a obesidade desempenha um papel “crítico” no desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular. No entanto, permanece ainda por esclarecer o papel das flutuações de adiposidade ao longo da adolescência no aparecimento de fatores de risco cardiovascular na idade adulta.
“Com esta investigação, tentámos perceber se a exposição à adiposidade, durante o período da adolescência até ao início da idade adulta, se relaciona com o risco de desenvolvimento de pressão arterial alta e de resistência à insulina, que são fatores de risco cardiovascular”, refere Joana Araújo, primeira autora do estudo, agora publicado na revista “International Journal of Obesity”.
Os parâmetros de avaliação
No trabalho, refira-se, foram analisados dados de 2253 participantes da coorte EPITeen (Epidemiological Health Investigation of Teenagers in Porto), um estudo longitudinal que arrancou em 2003 com o objetivo de compreender como os hábitos e comportamentos adquiridos na adolescência se refletem na saúde do adulto.
Os jovens que integraram o estudo foram recrutados aos 13 anos nas escolas da cidade do Porto, e reavaliados aos 17, 21 e 24 anos de idade. Foram avaliados múltiplos parâmetros, nomeadamente o peso, a altura, a pressão arterial e os resultados bioquímicos das amostras de sangue.
Os investigadores propuseram uma nova medida para sumariar a duração e o grau de exposição ao excesso de peso (usando uma metodologia semelhante às curvas ROC), a qual foi calculada para cada indivíduo considerando o período entre os 13 e os 24 anos de idade.
Resultados
Os resultados mostram que “os indivíduos com maior exposição à adiposidade durante a adolescência apresentam valores superiores de pressão arterial e de resistência à insulina, aos 24 anos”, diz Joana Araújo. Ter um índice de massa corporal (IMC) elevado aos 24 anos, só por si, já condiciona níveis mais elevados de pressão arterial alta e de resistência à insulina. Com este estudo, demonstrou-se também “que maiores níveis de adiposidade ao longo da adolescência, independentemente do valor de IMC aos 24 anos, contribuem para o acréscimo deste risco particularmente para a resistência à insulina”.
As conclusões da investigação “sublinham a importância do tempo de exposição ao excesso de peso ou obesidade na definição do risco cardiovascular”, remata.
Os investigadores Elisabete Ramos, Milton Severo e Henrique Barros integram também o estudo intitulado “Duration and degree of adiposity: effect on cardiovascular risk factors at early adulthood”.