Os estudos sobre genómica e evolução foram desenvolvidos juntamente com outras instituições como o Instituto Max-Planck (Alemanha) o Broad Institute do MIT e Harvard (EUA) e a Universidade de Uppsala (Suécia).
De acordo com os autores dos trabalhos, os dois artigos compilam os resultados da investigação que tem vindo a ser feita ao longo de vários anos no CIBIO-InBIO/UP, tendo o coelho como modelo de estudo. Segundo explicou Miguel Carneiro, primeiro autor de ambos os artigos, “o coelho é um modelo excecional para responder a várias questões de interesse geral em biologia evolutiva: a par da forma domesticada, existem duas subespécies selvagens que hibridam de forma natural na Península Ibérica”. “Para além do seu caráter inovador e do seu importantíssimo contributo para o avanço do conhecimento científico, é fascinante verificar que nestes estudos reside a resposta às duas principais questões colocadas por Charles Darwin: como surgem e evoluem as espécies através de processos de seleção natural e de seleção artificial”, revela.
A investigação publicada na PLOS Genetics centra-se no processo através do qual se formam novas espécies, usando como exemplo populações das duas subespécies de coelho Europeu existentes na Península Ibérica. No artigo da Science, por sua vez, desvendam-se os mecanismos que estão na base da acumulação de diferenças fenotípicas (neste caso, comportamento) através de processos de seleção artificial e que permitem explicar como foi possível domesticar o coelho selvagem. Os investigadores acreditam que as duas análises apresentam “resultados com fortes implicações ao nível das neurociências”. “Até agora, nenhum dos estudos de domesticação animal que têm vindo a ser realizados contemplou uma análise tão cuidadosa da variação genética existente ao nível da espécie selvagem ancestral. Entrar em consideração com esta dimensão permitiu-nos identificar as modificações genéticas que ocorreram durante a domesticação do coelho”, frisou Nuno Ferrand, outro dos autores do artigo.
