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Estudo: violência exercida no namoro é sobretudo de índole psicológica

Estudo: violência exercida no namoro é sobretudo de índole psicológica
No estudo, realizado em 32 escolas do distrito do Porto e que envolveu 456 jovens, com idade média de 13 anos, 27% dos inquiridos consideraram normal a violência psicológica e 13% consideraram normal a violência física.     

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O trabalho, que vem revelar que a maior parte da violência exercida nas relações de intimidade é de índole psicológica, insere-se no projeto Artways – Políticas Educativas e de Formação contra a Violência e Delinquência Juvenil, da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu e gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian.
“Ao nível da legitimação, mostra-se alarmante o facto de 27% dos inquiridos considerarem normal a violência psicológica e 13% considerarem normal a violência física. Isto é muito preocupante porque estamos a falar de uma idade que vai desde 11 até aos 18 anos”, afirmou Maria José Magalhães, presidente da UMAR.
Os dados demonstram que 7% dos inquiridos já sofreram de abuso físico e 2% admitiu já ter sido forçado a ter relações sexuais.
“Mais de 40% dos rapazes inquiridos consideram que é legítimo pressionar para beijar e 31% considera natural pressionar para ter relações sexuais”, salientou Maria José Magalhães.
Segundo a responsável, “26% dos rapazes acha normal proibir a sua companheira de sair com outros amigos. Entre as raparigas a percentagem é de 11%, o que também é relevante. Ou seja, estes jovens acham que porque se namora pode-se forçar a outra pessoa a fazer o que não quer”.
“Também os rapazes estão em maior número a considerar como naturais a violência física, assim como as ameaças, a humilhação e a proibição de vestir peças de roupa. Mas, neste último aspeto, as raparigas também estão representadas, 30% considerou normal controlar a forma de vestir dos outros”, acrescentou.
Relativamente ao comportamento que os jovens assumiram depois do episódio violento, 8% diz não ter dado importância e 12% diz acabar por perdoar o agressor. Apenas 4% referiu ter recorrido a outras pessoas para pedir ajuda.
Para a presidente da UMAR, estes dados demonstram “a importância de uma intervenção junto dos jovens no sentido de desconstruir a ideia de que o namorado(a) é da sua posse e que faz com aquela pessoa o que quiser, porque ela é sua”.
“Noções de respeito pela privacidade, de respeito no aspeto físico, psicológico e social da outra pessoa são coisas que não estão a ser ensinadas aos jovens. E esta cultura de que o amor é cego, de que o amor significa posse, de que a paixão é irracional e de que as pessoas podem fazer o que quiserem com o outro é, para nós, a cultura de base do femicídio, da violência doméstica, da falta de respeito pelos direitos humanos em geral”, frisou.
No âmbito deste projeto, está também a ser realizado um trabalho com jovens que pelo seu comportamento são considerados “eventuais futuros agressores”.

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