
Por cada cem gramas de tripas à moda do Porto, confecionadas com enchidos magros, há 234 quilocalorias. Isto quer dizer que se ingerirmos cerca de 300 gramas daquelas tripas à moda do Porto, vamos acabar a refeição com uma porção de cerca de 700 quilocalorias, o que é um resultado “muito animador”, realçou o diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), Pedro Moreira.
E as conclusões da análise laboratorial da FCNAUP são ainda “mais entusiasmantes”, porque as quilocalorias do prato de tripas estudado com orelheira, mão de vaca, salpicão magro, cenoura, cominhos, feijão e pimenta, com 300 gramas são ainda mais baixas, do que uma refeição de hambúrguer e uma dose de batatas fritas média, que aponta para 850 quilocalorias, adiantou o diretor da Faculdade.
Pedro Moreira explicou, a propósito do Dia Nacional da Gastronomia, que as tripas à moda do Porto, com 600 anos de existência, são o “paradigma da tradição gastronómica no Porto”, tanto pelo valor nutricional, como pela sua dimensão histórica e afetiva.
De acordo com o responsável, “comer não pode ser só um somatório de nutrientes. Comer tem uma dimensão nutricional, mas tem também o seu lado mais afetivo, tradicional e histórico como é o caso das tripas à moda do Porto”.
Para Pedro Moreira, o “bilhete de identidade” deste prato portuense justifica-se que seja referido para celebrar o Dia Nacional da Gastronomia, uma data que reconhece “a importância da preservação e da valorização do património gastronómico português”.
Aproveitando o Dia Nacional da Gastronomia, a FCNAUP, para além de ir aflorar os temas “Redescobrir a Alimentação Tradicional Portuguesa” e “Da Idade do gelo à Francesinha”, pretende também valorizar a “gastronomia rústica” e as tradições alimentares locais, designadamente o azeite, vinhos, frutas e produtos locais, e, por outro lado, contrariar a “superabundância de alimentos ultra processados e ricos em açúcar, sal e gordura”.