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Estudo recomenda elevar a realização de testes para a covid-19

Estudo recomenda elevar a realização de testes para a covid-19

Triplicar os testes para a covid-19 poderá evitar mais de 900 hospitalizações, poupar milhões e melhorar a gestão de recursos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). São estas as conclusões do estudo desenvolvido por um grupo de trabalho multidisciplinar da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP).

Designado por “COVIDcids”, o grupo de trabalho visa fazer face aos desafios médico-científicos decorrentes da pandemia da covid-19, estando empenhado em “criar novos conhecimentos que apoiem a tomada de decisão em saúde”.

“Elevar a atual taxa de 1.000 testes para uma taxa de 3.000 testes por milhão de habitantes permitirá poupar mais de quatro milhões de euros, só em hospitalizações evitáveis (correspondendo a mais de 900 hospitalizações nos próximos 10 dias), o que se traduzirá em menor pressão para o SNS, mais vidas salvas e menos oportunidades de contágio”, defendem os autores, citados pelo Notícias ao Minuto.

Os investigadores concluíram que a massificação de testes para o covid-19 é uma “estratégia custo-efetiva, capaz de gerar poupanças diretas na ordem dos milhões de euros em hospitalizações”, referiu João Fonseca, diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP.

De acordo com o investigador, nesta simulação, assumiu-se que pelo menos 7,5% dos testes teriam resultado positivo, uma taxa consideravelmente mais baixa do que a atual, que se situa nos 15%. Utilizaram-se modelos de análise com dados nacionais do dia 21 de março, e foram testados vários cenários quanto ao número de testes realizados e à frequência de resultados positivos.

Os resultados confirmam que “se devem aumentar as taxas de testes para se atingir o objetivo de reduzir o número de novas infeções, e subsequentemente de hospitalizações”, frisou o investigador Bernardo Sousa Pinto.

Os especialistas consideram que, com uma massificação de testes para a covid-19, podem identificar-se os casos infetados mais precocemente, evitar novas infeções e, por conseguinte, hospitalizações.

“Os benefícios reais subjacentes à massificação de testes por covid-19 poderão ser ainda maiores do que os estimados, uma vez que, neste estudo, não foram tidas em conta questões ligadas à produtividade e aos custos de oportunidade”, acrescentam.

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“O facto de ter mais hospitalizações em doentes com infeção covid-19 leva a que exista competição por recursos de saúde, que, nesta altura, são escassos, deixando de estar disponíveis para doentes com outras patologias. Acrescem previsíveis decréscimos nos custos dos testes com a entrada de novos concorrentes no mercado e com a ação dos reguladores”, referiu Francisco Rocha Gonçalves, especialista em Economia da Saúde da FMUP.

“Os custos não devem ser a única ou sequer a principal variável a pesar nas decisões políticas, no entanto, os resultados para os doentes subjacentes à simulação económica também denotam benefícios de saúde claros”, salientam os investigadores.

“Estes resultados podem ser mais um estímulo a um alargamento da quantidade de testes realizada, em linha com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, com as intenções manifestadas nos últimos dias pelo Governo, e com os exemplos de sucesso de países como a Coreia do Sul ou a Noruega”, considera o professor da FMUP João Fonseca.

No entanto, para se conseguirem melhores resultados, é necessário “um esforço imenso e imediato” no sentido de alargar a capacidade de realização de testes em todo o país, recorrendo a todo o sistema de saúde, alertam os autores.

“A sociedade civil pode e deve mobilizar-se e colaborar em iniciativas de identificação de casos, reduzindo assim o número de contactos e, consequentemente, de novos infetados”, apela Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP, que também participa no grupo de trabalho.

De acordo com o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta terça-feira, foram registadas 30 mortes (mais sete do que na segunda-feira) e há 2362 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, mais 302 do que na segunda-feira. Ao todo, 22 pessoas recuperaram. Das 203 pessoas internadas, há 48 internados em unidades de cuidados intensivos (mais um do que na segunda-feira). Há 1783 pessoas que aguardam resultado laboratorial.

(Notícia atualizada à 17h09 de 24/03/2020) A DGS fez uma correção no número de vítimas mortais em Portugal. O comunicado da DGS indica que até ao final do dia 23 de março registaram-se 33 óbitos associados à doença Covid-19, e não 30 como anteriormente tinha informado.

Foto: U.Porto

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