O investigador português Luís Maia esteve envolvido num estudo que identificou um modelo animal da doença de Alzheimer, o que permitirá estudar o desenvolvimento deste distúrbio antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Publicada na revista “Science Translational Medicine”, a investigação possibilita a criação de tratamentos capazes de deter a doença de Alzheimer antes do aparecimento dos sintomas, ou seja, antes de ocorrer qualquer dano importante no cérebro do paciente. Tal como refere o artigo científico, a doença neuro-degenerativa, atualmente incurável, tem uma evolução lenta e o aparecimento dos primeiros sintomas “leva mais de dez anos (…) sendo este período pré-clínico [pré-sintomas], o momento ideal para intervir”. Ao longo da investigação, Luís Maia e Stephan Kaiser verificaram que “as alterações ocorridas no fluido cefalorraquidiano [líquido em torno da coluna vertebral e do cérebro] de dois modelos animais (ratinhos) da doença de Alzheimer eram paralelas à progressão da doença, podendo ser utilizadas para monitorizá-la sem recurso aos sintomas”. Os dois cientistas observaram que os biomarcadores (alterações biológicas que sinalizam a doença) – peptídeo beta amiloide (Ab) e proteína tau – no fluido cefalorraquidiano de doentes de Alzheimer poderiam dar informações sobre a progressão da doença, concluindo que, “à medida que se desenvolvem as placas Ab (no cérebro), a concentração do peptídeo Ab no fluido cefalorraquidiano diminui e a da proteína tau aumenta”.