O estudo “Seniores Ativos – Práticas Inclusivas de Gestão de Recursos Humanos”, da autoria de Ana Barroca, docente Escola Superior de Estudos Industriais e Gestão, do Instituto Politécnico do Porto, aponta a “necessidade urgente” de aumentar a proporção de trabalhadores seniores na população ativa para não colocar em causa a sustentabilidade económica e social nacional.
O trabalho indica que, “ao mesmo tempo que a força de trabalho poderá regredir quase 15%” e que, “em Portugal a situação é ainda mais preocupante”, pelo que “a proporção dos trabalhadores seniores na população ativa terá, forçosamente, que aumentar nas próximas décadas, sob pena de estar em causa a sustentabilidade económica e social do país”.
De acordo com a autora, é necessário o reconhecimento, por parte do governo, da sociedade, das empresas e dos parceiros sociais, da “aceitação implícita de que existe uma nova força de trabalho, a senioridade”, força que aliás “sempre lá esteve” mas que nunca se contou com ela “por razões demográficas, económicas e de subvalorização de potencial no mercado de trabalho”.
“Portugal só definiu políticas públicas orientadas para o problema do envelhecimento da força de trabalho quando a Europa já estava a reestruturar as reformas dos Estados sociais europeus, influenciadas pela conjuntura estrutural comum. Os próximos anos serão por isso decisivos para se perceber a efetividade das políticas públicas de emprego e o quanto as mesmas serão inclusivas ou não dos trabalhadores seniores”, afirmou.
O estudo revela ainda que há, em algumas empresas nacionais, “um foco nos trabalhadores seniores como fonte de conhecimento técnico e de identidade da empresa que importa transmitir aos novos colaboradores com o objetivo de perpetuar a cultura organizacional e orientar os todos os colaboradores no sentido dos mesmos objetivos”.
No entanto, apesar deste reconhecimento, a reintegração de seniores é “insuficiente face à realidade demográfica e laboral” e “o tecido empresarial continua pouco vocacionado para a ação”.
De acordo com a docente, “para além da experiência, os pontos fortes dos trabalhadores seniores parecem recair sobre as chamadas soft skills”, ou seja, “os trabalhadores seniores têm um compromisso maior com o seu trabalho, estão motivados para aprender, têm uma melhor comunicação verbal, registam menor absentismo, são melhores a racionalizar e têm mais capacidade de compreender a envolvente”.
Terça-feira 25 Novembro, 2014
Estudo alerta para urgência de aumentar trabalhadores seniores em Portugal
“Sendo o envelhecimento da população e da força de trabalho uma tendência preocupante na Europa, se nada for feito em 2050 poderá haver apenas uma pessoa empregada”, alerta Ana Barroca.