Num antigo reservatório de água do Parque da Pasteleira está a nascer o Museu da História da Cidade do Porto. Vai literalmente emergir este ano, com o objetivo de abrir o livro da vida de um território e de um povo especial.
São acervos, relíquias documentais e objetos, reunidos ao longo de décadas, juntando-se a milhares de horas de pesquisas coordenadas pela equipa de Alexandra Cerveira Lima, chefe da Divisão Municipal de Museus e Património Cultural.
Desativado desde 1998 (altura em que o novo depósito entrou em funcionamento no terreno adjacente), o antigo Reservatório de Água do Parque da Pasteleira vai transformar-se num núcleo museológico, mas a designação “Reservatório” vai manter-se.
A ideia, como aponta o presidente do Conselho de Administração da Águas do Porto, Frederico Fernandes, “surgiu numa visita conjunta realizada ao espaço já com a empreitada de reabilitação em curso”, enquanto decorria “o desaterro do reservatório e a demolição que proporcionou a sua abertura para o jardim da Pasteleira”. Só nessa altura foi “verdadeiramente possível compreender toda a sua a amplitude, beleza e singularidade”.
Por outro lado, há a garantia de uma nova vida e “dignidade” ao Parque da Pasteleira que, apesar de muito bem tratado, nem sempre tem sido descoberto pela maioria dos portuenses.
Concluídas as obras de reabilitação asseguradas pela empresa municipal, já entrou em cena a equipa multidisciplinar coordenada por Alexandra Cerveira Lima. “Um dos objetivos é permitir ao visitante aceder a um conjunto de informações relevantes para a compreensão do processo evolutivo da transformação do atual espaço urbano”.
Os distintos conteúdos programáticos – o Reservatório; o rio Douro; a origem dos primeiros povoados; o período da romanização; o controlo do território (vias e portas); o poder e a cidade; a expansão territorial no tempo dos Almadas; o liberalismo e o cerco do Porto; a evolução da população e das migrações à época da industrialização, e os planos da cidade moderna – estarão divididos de forma sequencial, convidando os visitantes a recuar até às primeiras formações coletivas que se começaram a organizar na Idade do Bronze.
A primeira exposição temporária também já tem tema definido: a comemoração dos 200 anos de liberalismo no Porto, que vai integrar um vasto leque de iniciativas municipais em torno desta data especial.
Há uma equipa multidisciplinar que assegura o projeto.
No processo de requalificação do espaço, opta-se por manter a rudeza dos materiais que caracterizam o Reservatório. Já no exterior, o grupo de arquitetos vai privilegiar a criação de um espaço verde para lazer na cobertura, aproveitando as potencialidades da área para a abrir ao parque.