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Escovaria Belomonte

Escovaria Belomonte

Em mais um mês de “Lojas Históricas”, a VIVA! teve a oportunidade de estar à conversa com a Escovaria Belomonte, um estabelecimento que faz parte da lista “Porto de Tradição” e que já é destaque no comércio local da cidade há várias décadas.

Como e quando surgiu a ideia de abrir o estabelecimento?

Tudo começou em 1927, quando o meu bisavô começou a produzir escovas e vassouras industriais em casa. Sem pensar em abrir um “negócio” no sentido moderno, ele estava apenas a criar com as mãos. Em 1953, esse gesto transforma-se num espaço físico, na Rua de Belomonte, e o nome acompanha esse passo — de “Escovaria de António da Silva” para “Escovaria de Belomonte”. Não era apenas uma loja. Era o início de um legado.

É um negócio familiar?

Sim, mas não só. É um legado vivo. Já vamos na quarta geração. O que nos une não é só o sangue, é o saber — transmitido de mão em mão.

A escolha do nome tem algum significado especial?

Sim — é geográfico e simbólico. A escovaria muda-se para a Rua de Belomonte, e o nome junta o lugar à prática: Escovaria de Belomonte. O nome funciona como um selo de autenticidade e de território. Local, mas com ressonância global.

Têm funcionários presentes desde a abertura?

Não desde o primeiro dia, mas temos uma peça-chave: Fátima Fonseca. Está connosco desde que o meu bisavô ainda estava ativo. Ela representa a continuidade — Ela é um verdadeiro pilar da casa.

Fale-nos um pouco sobre o que podemos encontrar neste espaço.

É loja e atelier ao mesmo tempo. Um lugar onde tradição e funcionalidade coexistem. Temos escovas e vassouras para diferentes usos — incluindo artigos para casa e cuidado pessoal — tudo produzidas com detalhe. Aqui, cada objeto tem intenção.

O que sentem que mudou desde a abertura? Houve um aumento de produtos com o passar dos anos, por exemplo, ou a oferta mantém-se a mesma?

Quase tudo mudou — e, ao mesmo tempo, mantivemos o essencial. Hoje temos mais variedade, mais coleções, mais modelos. Mas o produto continua personalizável, como sempre foi. A escova adapta-se ao cliente — essa ideia de serviço à medida é algo que resistiu ao tempo.

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Quais são as histórias caricatas que guardam essas quatro paredes?

Temos muitas. Desde pessoas que entram à procura de um corte de cabelo a outras que acham que somos sapateiros. Já fomos cenário de programas de TV, anúncios publicitários, e até documentários. Desde 1953, este espaço coleciona histórias — cada uma, um capítulo estranho e maravilhoso.

Quais as melhores recordações da casa?

As memórias humanas. Do meu avô, dos meus pais, de cada funcionário que passou e deixou marca. E também momentos de reconhecimento: visitas da Forbes, de Michael Portillo, entre outras que reforçam que estamos a fazer algo relevante.

Recebem, certamente, a visita de inúmeros turistas. Qual é a sua reação quando veem o espaço e conhecem toda a sua história?

Admiração. Há um choque positivo — muitos não imaginam que este tipo de produção ainda existe. É como descobrir uma cápsula do tempo viva. Um lugar onde o passado ainda se move.

Quais os melhores elogios que já receberam?

“Fazem das melhores escovas do mundo.” Essa frase já nos disseram algumas vezes, e nunca deixa de nos tocar. Não é só sobre o produto — é sobre o reconhecimento do cuidado, do detalhe, da arte.

Na vossa opinião, o que distingue este espaço dos restantes?

O que nos distingue é o todo: a arte da escovaria, o espaço que a abriga, o processo manual. Há uma estética própria aqui. Uma identidade que não foi construída para parecer autêntica — ela é autêntica.

Qual o balanço que fazem desde a abertura do espaço? Quais são as perspetivas para o futuro?

O balanço é de progresso. Passámos por várias fases, sempre com resiliência e propósito. Para o futuro, queremos continuar a ser referência — mantendo a tradição, mas com ambição de levar a escovaria para novos patamares, inclusive no segmento de luxo e design.

Qual é a importância de estarem abrangidos pelo programa “Porto de Tradição”?

É fundamental. Porque este programa reconhece o valor de manter viva a identidade comercial e cultural da cidade. É uma forma de dizer: o que fazemos aqui importa — não só para o Porto, mas como exemplo de autenticidade no mundo.

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